São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005

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ENGENHARIA DO CRIME

Preso por participação no furto afirmou em depoimento que grupo o obrigou a entregar R$ 2,4 milhões

Ladrão do BC diz que teve sua parte roubada

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Em depoimento à Justiça Federal anteontem, um dos acusados pelo furto ao Banco Central em Fortaleza (CE), Pedro José da Cruz, o Pedrão, disse que quase toda sua parte do dinheiro foi roubada por seis homens.
À Polícia Federal, ele dissera, na semana passada, logo depois de ser preso, que os homens haviam se identificado como policiais civis. À Justiça Federal, por sua vez, ele não deu essa informação.
O acusado disse à Justiça que os homens chegaram cinco dias depois de ele ter recebido o dinheiro e logo perguntaram onde estavam os R$ 2 milhões. Ele havia escondido o dinheiro em um guarda-roupa. Uma semana depois, os mesmos homens teriam voltado à casa dele e levado mais R$ 400 mil. Pedrão disse que ficou com apenas R$ 50 mil do que recebera.
No depoimento, ele detalhou sua participação. Contou a rotina das escavações e quem aparecia na casa de onde partiu o túnel.
Ele confirmou alguns nomes de suspeitos: um chamado de Paulo Sérgio, até agora não identificado, era o que mais ficava na casa. Luiz Fernando Ribeiro, o Fernandinho, morto em São Paulo após ser seqüestrado, aparecia no local a cada 20 dias e usava aparelhos com o objetivo de fazer medições.
Só nas escavações, Pedrão estima que tenham participado cerca de 30 pessoas. Entre os detalhes narrados está o de que as escavações eram feitas em turnos, mas sem máscaras ou óculos de proteção, com oito homens de cada vez. Todos tinham de ficar sentados, em razão do espaço estreito.
Segundo ele, pelas conversas que ouvia, os líderes diziam que poderiam conseguir na caixa-forte mais de R$ 200 milhões.
Um laudo do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal concluiu que seria necessário ter as plantas do prédio do Banco Central de Fortaleza e da caixa-forte e outras informações privilegiadas sobre o sistema de segurança para a realização do assalto.
A PF identificou como informante apenas o ex-segurança Deusimar Neves Queiroz, que está preso e confessou, segundo a polícia, ter dado dicas sobre o interior do banco à quadrilha.
"São necessárias informações internas, como a espessura da parede, a posição dos objetos no interior da caixa-forte e a disposição do sistema de segurança. Medidas exatas são indícios fortes de conhecimento e planejamento", diz o laudo. O assalto aconteceu há quatro meses. Dez pessoas estão presas e foram recuperados cerca de R$ 18 milhões, 11% do total furtado, R$ 164,8 milhões. Os homens apontados como líderes do grupo estão foragidos.


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