|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENGENHARIA DO CRIME
Preso por participação no furto afirmou em depoimento que grupo o obrigou a entregar R$ 2,4 milhões
Ladrão do BC diz que teve sua parte roubada
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Em depoimento à Justiça Federal anteontem, um dos acusados
pelo furto ao Banco Central em
Fortaleza (CE), Pedro José da
Cruz, o Pedrão, disse que quase
toda sua parte do dinheiro foi
roubada por seis homens.
À Polícia Federal, ele dissera, na
semana passada, logo depois de
ser preso, que os homens haviam
se identificado como policiais civis. À Justiça Federal, por sua vez,
ele não deu essa informação.
O acusado disse à Justiça que os
homens chegaram cinco dias depois de ele ter recebido o dinheiro
e logo perguntaram onde estavam
os R$ 2 milhões. Ele havia escondido o dinheiro em um guarda-roupa. Uma semana depois, os
mesmos homens teriam voltado à
casa dele e levado mais R$ 400
mil. Pedrão disse que ficou com
apenas R$ 50 mil do que recebera.
No depoimento, ele detalhou
sua participação. Contou a rotina
das escavações e quem aparecia
na casa de onde partiu o túnel.
Ele confirmou alguns nomes de
suspeitos: um chamado de Paulo
Sérgio, até agora não identificado,
era o que mais ficava na casa. Luiz
Fernando Ribeiro, o Fernandinho, morto em São Paulo após ser
seqüestrado, aparecia no local a
cada 20 dias e usava aparelhos
com o objetivo de fazer medições.
Só nas escavações, Pedrão estima que tenham participado cerca
de 30 pessoas. Entre os detalhes
narrados está o de que as escavações eram feitas em turnos, mas
sem máscaras ou óculos de proteção, com oito homens de cada
vez. Todos tinham de ficar sentados, em razão do espaço estreito.
Segundo ele, pelas conversas
que ouvia, os líderes diziam que
poderiam conseguir na caixa-forte mais de R$ 200 milhões.
Um laudo do Instituto Nacional
de Criminalística da Polícia Federal concluiu que seria necessário
ter as plantas do prédio do Banco
Central de Fortaleza e da caixa-forte e outras informações privilegiadas sobre o sistema de segurança para a realização do assalto.
A PF identificou como informante apenas o ex-segurança
Deusimar Neves Queiroz, que está preso e confessou, segundo a
polícia, ter dado dicas sobre o interior do banco à quadrilha.
"São necessárias informações
internas, como a espessura da parede, a posição dos objetos no interior da caixa-forte e a disposição
do sistema de segurança. Medidas
exatas são indícios fortes de conhecimento e planejamento", diz
o laudo. O assalto aconteceu há
quatro meses. Dez pessoas estão
presas e foram recuperados cerca
de R$ 18 milhões, 11% do total furtado, R$ 164,8 milhões. Os homens apontados como líderes do grupo estão foragidos.
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Panorâmica - Interior de SP: Diretor feito refém por rapaz é ferido dentro do fórum de Iepê por PM Índice
|