São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008

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Bares e restaurantes de SP desativam "carona da lei seca"

Seis meses após a nova lei, estabelecimentos extinguem serviço a motoristas que bebem

Bares tradicionais da capital dizem que procura de motoristas pelos serviços diminuiu ao longo da vigência da nova legislação

Choque - 31.out.08/Folha Imagem
Policial militar durante blitz realizada no centro de São Paulo

RICARDO SANGIOVANNI
ALENCAR IZIDORO
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após seis meses de lei seca e às vésperas das confraternizações de fim de ano, que costumam lotar os bares da cidade de São Paulo, muitos estabelecimentos já desativaram ou reduziram consideravelmente seus serviços de transporte particular e ofertas de descontos em táxis, criados no início da lei para incentivar os motoristas a deixarem seu carro em casa sem abandonar a boemia.
A Folha fez um teste com 20 bares (19 da capital paulista e um de São Bernardo, na região metropolitana) simulando o que faria um motorista que quer sair para beber, sem carro: pesquisou na internet e telefonou para cada bar, passando-se por um cliente comum, para saber se a facilidade oferecida -vans, motorista particular ou desconto em táxi- ainda estava de pé.
Resultado: 11 deles (55%) informaram que haviam desativado os serviços. Dos nove restantes, dois disseram que as promoções continuam, mas que a procura era quase nula.
A pesquisa levou em conta bares de tradicionais redutos boêmios da cidade, como Vila Madalena, Vila Olímpia, Itaim (na zona oeste), Moema (sul) e Santa Cecília (região central).
A lista dos que informaram ter suspendido os serviços inclui famosos, como os bares Emiliano (na rua Oscar Freire, zona oeste), Brahma (na esquina das avenidas Ipiranga e São João, no centro) e os da rede Biroska (em Santa Cecília, também na região central).
O Emiliano disponibilizava motorista particular para os clientes, mas desativou os serviços "há um tempinho porque a procura não estava sendo muito grande e o pessoal tem vindo de táxi mesmo", segundo uma atendente. Procurada na sexta-feira, a direção do bar não retornou o contato até o fechamento desta edição.
O bar Brahma, que tinha uma van para levar clientes em casa (a R$ 20), parou de oferecer o serviço em novembro. A direção diz que o serviço será retomado em janeiro, grátis e com "novo layout".
As vans passarão em frente a hotéis parceiros do bar, para levar e trazer participantes de eventos, e "também poderão ser utilizadas por outros clientes", que "precisarão apenas se informar no bar sobre os roteiros e se dirigir aos locais", afirma Luiz Lacerda, sócio do bar.
Proprietária da rede Biroska, Lílian Gonçalves negou a suspensão do serviço, mas atendentes disseram por telefone que ele não estava disponível.
O diretor jurídico da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Percival Maricato, diz que a estratégia de oferecer transporte para os clientes foi passageira e não vai prosperar. "Esse tipo de serviço foi mais por desespero ou marketing. Não tem lógica nenhuma. O custo para levar, geralmente, é maior do que as pessoas gastam num bar", diz.


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