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SP 450
Para o Condephaat, obra representa uma "interferência inadequada" no parque; prefeitura mantém obra, orçada em R$ 6 milhões
Fonte multimídia no Ibirapuera é vetada
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Condephaat, órgão estadual
responsável pelo patrimônio histórico de São Paulo, decidiu vetar
a fonte multimídia que a prefeitura instalou no lago do parque Ibirapuera para comemorar os 450
anos da cidade. A administração
Marta Suplicy (PT) informa que
já recorreu da decisão.
Pela lei, a prefeitura só poderia
ter começado a construção quando houvesse a liberação do Condephaat, porque o Ibirapuera é
uma área tombada pelo patrimônio histórico. No entanto, mesmo
com a decisão contrária tomada
pelo órgão no dia 15 de dezembro
do ano passado, o trabalho não foi
interrompido.
O Condephaat não aceitou o pedido da prefeitura paulistana com
base em dois argumentos: a fonte
aumenta a área construída do
parque e representa uma "interferência inadequada".
A assessoria da presidência do
Condephaat não soube informar
por que o órgão não recorreu à
Justiça para fazer valer a sua decisão. Esse recurso também pode
ser encaminhado por qualquer cidadão ou pelo Ministério Público.
De acordo com a assessoria do
Condephaat, apesar de a lei determinar o início das obras apenas
depois da aprovação, o assunto
ainda está em trâmite.
O secretário do Verde e do Meio
Ambiente, Adriano Diogo, defende a posição de que o processo
ainda está em andamento e de
que a prefeitura não precisa interromper o trabalho. "Não tem veto, estamos dentro do prazo legal
recursal [sic]", disse o secretário.
O recurso da prefeitura foi protocolado no dia 29 de dezembro,
mas ainda não foi julgado e não
há prazo para sua apreciação.
A fonte tem 110 metros de comprimento e seu jato principal joga
água a até 60 metros de altura.
Com luzes coloridas que seguem
o ritmo da música, é um dos principais atrativos da prefeitura para
a comemoração dos 450 anos da
cidade e 50 do parque, daqui a
pouco mais de duas semanas.
O secretário Diogo afirma que
não vai afrontar o Condephaat.
Mas, questionado sobre o que fará se o órgão estadual mantiver a
posição até o final, o petista diz
que o Estado terá de ir à Justiça
para implementar sua posição.
Segundo o ex-presidente do
Condephaat Paulo Bastos (1987-89), existe uma ampla jurisprudência que afirma que as determinações sobre o tombamento se
sobrepõem às decisões de prefeituras. Para ele, a instalação deveria parar, pois "está sub judice".
No recurso que apresentou ao
Condephaat, a prefeitura afirma
que a fonte vai substituir os dois
jatos já existentes no lago à época
do tombamento. Além disso, argumenta que os espetáculos
maiores ocorrerão apenas em datas especiais. Nos dias de semana,
a fonte "terá funcionamento permanente com pouco movimento,
com desenho que privilegiará a
simplicidade formal".
Existe ainda um argumento
ambiental. Segundo Adriano Diogo, a fonte vai promover uma limpeza do lago, porque "vai dar uma
oxigenada na água do lago que a
gente nunca teve". O petista diz
que "o lago onde está a fonte está
limpo, limpo, limpo".
Orçada em R$ 6 milhões, pagos
pelo grupo Pão de Açúcar, a fonte
está quase pronta. Os testes começam no próximo dia 12. A empresa espanhola que construiu a fonte já fez projetos semelhantes em
vários locais do mundo, como
uma instalação nas Olimpíadas
de Atlanta, em 1996.
O secretário do Verde e do Meio
Ambiente explicou que, no futuro, a idéia é que exista uma "prainha" à beira do lago, para que as
pessoas assistam aos espetáculos.
Na polêmica que envolveu o auditório da TIM no Ibirapuera no
ano passado, a construção havia
sido autorizada pelo Condephaat,
mas foi contestada na Justiça pelo
Ministério Público.
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