São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

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Fuvest faz prova "adequada" e familiar aos candidatos

Índice de abstenção foi de 5,41%; hoje vestibulandos têm história ou química

"Foi uma prova amigável, que tentou criar empatia com o candidato. Não foi fácil, mas não houve exorbitâncias", diz professor

Bruno Miranda/Folha Imagem
Vestibulanda faz prova de português da Fuvest na Escola Politécnica, na Cidade Universitária



CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a "amizade" como tema de redação, a prova de português da Fuvest, fundação que realiza o vestibular para a USP, foi considerada adequada por professores e consolidou a tentativa da banca de se aproximar do universo dos estudantes. Em 2006, o tema foi "trabalho".
Realizado ontem, o exame continha também dez questões: seis de análise de texto e gramática e quatro de literatura. "Foi uma prova amigável, que tentou criar empatia com o candidato. Nunca se valorizou tanto a poesia cantada, a música. É um estímulo positivo", afirma o professor de língua portuguesa do Objetivo Fernando Teixeira.
A prova usou recursos familiares, como trechos extraídos de jornais, poesia de Mário Lago, músicas de Cartola, Milton Nascimento e Caetano Veloso
"Ao contrário de anos anteriores, não há questão desafiadora. Foi adequada à realidade do candidato. Uma prova cuidadosa, sem charadismo ou gramatiquice, nada descabido. São questões clássicas, com enunciados claros. Não é o que se possa chamar de fácil ou banal, mas também não há exorbitâncias", afirma.
O professor de português do Anglo Eduardo Calbucci considerou a prova "excelente e dentro das expectativas, com nível de dificuldade adequado à segunda fase". Ele destacou dois itens como mais elaborados: o "b" da questão oito, baseada em poema de Carlos Drummond de Andrade que tratava de anticapitalismo, e o "b" da dois, que citava trecho da Revista da Folha e discutia a expressão "dar nome aos bois" -"em um primeiro momento parecia ser tranqüila, mas na hora de redigir, se tornava difícil".
A coordenadora do Etapa, Célia Passoni, elogiou as questões de literatura. A de número dez, baseada em "Dom Casmurro", de Machado de Assis, era "fácil, mas inteligente", enquanto a nove, que abordava "Iracema", de José de Alencar, exigia o conhecimento da obra.
O assunto escolhido para a dissertação também agradou. "Foi um tema muito bom. Fizeram uma seleção de textos interessante, desde a Antiguidade até compositores modernos", diz Passoni.
"É bastante abstrato, os candidatos têm que contar com uma boa argumentação, que exige uma certa mobilidade em termos de leitura. O assunto é adequado, bem característico da Fuvest: trabalha não fatos concretos ou reais, mas temas mais conceituais. Fica um pouquinho mais difícil, mas é onde ele pode mostrar-se mais apto."
A opinião dos professores é respaldada por candidatos ouvidos pela Folha. "As questões estavam simples, mas a redação, difícil, porque esses temas filosóficos são mais complicados", diz Ricardo Pereira Beato Júnior, 19, que presta vestibular para engenharia.
Lídia Carvalho de Moraes, 21, que tenta vaga em economia, tem a mesma opinião. "A prova estava bem clara, todas as questões eram possíveis de fazer. O tema da redação foi um pouco complicado porque foi subjetivo. Fica mais difícil."

Abstenção
Dos 37.897 candidatos convocados para a segunda fase, 2.052 não realizaram a prova, levando a um índice de abstenção de 5,41%. Em 2006, ele de 5,67%.
Hoje os vestibulandos fazem a prova de história ou química, variando de acordo com a carreira escolhida. Amanhã, é a vez de geografia e biologia, na quarta, física, e na quinta, matemática.

NA INTERNET - Veja a correção da prova na Folha Online www.folha.com.br/fovest


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