São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

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Guia ensina policial a lidar com animais

Manual, com dados e fotos de 202 bichos, visa facilitar a identificação de espécies e evitar acidentes na apreensão e no transporte

Chamado para retirar um ouriço de casa na zona leste e sem saber como proceder, um policial ambiental acabou cortando as mãos

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

O policial ambiental Henrique foi chamado há alguns dias para retirar um ouriço (mamífero que possui espinhos) na lavanderia de uma casa em Guaianases, na zona leste de SP. O correto, nesse caso, era ter laçado o animal. Mas, sem saber, ele pegou o bicho apenas com a proteção de uma luva-de-raspa, feita de couro, e ganhou um machucado na mão.
Para evitar esse tipo de acidente, foi criado um manual com dados sobre 202 espécies de animais, além de fotos, para ser uma fonte de informações para ajudar no dia-a-dia da Polícia Militar Ambiental do Estado. São apresentados 21 répteis, 124 aves e 57 mamíferos.
O objetivo é auxiliar policiais a identificar as diferentes espécies, principalmente durante as apreensões, e ensinar a forma correta de manuseá-los -para que não haja maus-tratos aos animais nem homens feridos.
"Com esse manual esperamos difundir conhecimentos básicos de modo que qualquer policial militar que tenha de atender a uma demanda com a presença de animais da fauna silvestre possua um mínimo de informações", disse Marcelo Robis Nassaro, tenente da PM que exerce o cargo de porta-voz da Polícia Militar Ambiental.
Com o manual, o policial tem informações sobre a periculosidade do animal, a maneira de transportá-lo e sua alimentação, bem como informações importantes do ponto de vista administrativo e penal. "Se o animal for ameaçado de extinção, por exemplo, a eventual multa e a pena aplicadas são maiores", diz o tenente.
Neste mês, uma equipe da zona leste precisou esperar outro grupo de policiais chegar para poder confirmar se o animal era nativo ou estrangeiro. "A equipe apreendeu tartarugas tigre-d'água e não sabia reconhecer se eram brasileiras ou do tipo americano. Tentaram resolver telefonando para algumas pessoas, mas, no final das contas, outros policiais que conheciam melhor a espécie precisaram ir até lá", conta Delcy Santos, 34, soldado da Polícia Ambiental na zona leste.
Chegaram à conclusão de que se tratava do tigre d'água americano, e não foi aplicada multa. Segundo Santos, é importante saber se o animal é silvestre para não cometer abuso de autoridade.
"Só é crime se o animal for silvestre. Então, precisamos ter certeza absoluta se o que pegamos é brasileiro ou não."

Demanda
Segundo o tenente, foram feitos 1.875 manuais, o que ainda não atende a toda a demanda -são 2.200 policiais no Estado.
"Esperamos conseguir verbas para fazer mais 4.000 e poder distribuir para as polícias ambientais do Brasil e parques", afirmou Nassaro.
Por ter capa impermeável e fichas plastificadas, pode-se consultá-lo mesmo sob chuva. O custo total do projeto foi de R$ 142 mil. Agora, a intenção é iniciar um manual sobre a flora.


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