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Guia ensina policial a lidar com animais
Manual, com dados e fotos de 202 bichos, visa facilitar a identificação de espécies e evitar acidentes na apreensão e no transporte
Chamado para retirar um ouriço de casa na zona leste e sem saber como proceder, um policial ambiental acabou cortando as mãos
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O policial ambiental Henrique foi chamado há alguns dias
para retirar um ouriço (mamífero que possui espinhos) na lavanderia de uma casa em
Guaianases, na zona leste de
SP. O correto, nesse caso, era
ter laçado o animal. Mas, sem
saber, ele pegou o bicho apenas
com a proteção de uma luva-de-raspa, feita de couro, e ganhou um machucado na mão.
Para evitar esse tipo de acidente, foi criado um manual
com dados sobre 202 espécies
de animais, além de fotos, para
ser uma fonte de informações
para ajudar no dia-a-dia da Polícia Militar Ambiental do Estado. São apresentados 21 répteis, 124 aves e 57 mamíferos.
O objetivo é auxiliar policiais
a identificar as diferentes espécies, principalmente durante as
apreensões, e ensinar a forma
correta de manuseá-los -para
que não haja maus-tratos aos
animais nem homens feridos.
"Com esse manual esperamos difundir conhecimentos
básicos de modo que qualquer
policial militar que tenha de
atender a uma demanda com a
presença de animais da fauna
silvestre possua um mínimo de
informações", disse Marcelo
Robis Nassaro, tenente da PM
que exerce o cargo de porta-voz
da Polícia Militar Ambiental.
Com o manual, o policial tem
informações sobre a periculosidade do animal, a maneira de
transportá-lo e sua alimentação, bem como informações
importantes do ponto de vista
administrativo e penal. "Se o
animal for ameaçado de extinção, por exemplo, a eventual
multa e a pena aplicadas são
maiores", diz o tenente.
Neste mês, uma equipe da
zona leste precisou esperar outro grupo de policiais chegar
para poder confirmar se o animal era nativo ou estrangeiro.
"A equipe apreendeu tartarugas tigre-d'água e não sabia reconhecer se eram brasileiras ou
do tipo americano. Tentaram
resolver telefonando para algumas pessoas, mas, no final das
contas, outros policiais que conheciam melhor a espécie precisaram ir até lá", conta Delcy
Santos, 34, soldado da Polícia
Ambiental na zona leste.
Chegaram à conclusão de
que se tratava do tigre d'água
americano, e não foi aplicada
multa. Segundo Santos, é importante saber se o animal é silvestre para não cometer abuso
de autoridade.
"Só é crime se o animal for
silvestre. Então, precisamos ter
certeza absoluta se o que pegamos é brasileiro ou não."
Demanda
Segundo o tenente, foram
feitos 1.875 manuais, o que ainda não atende a toda a demanda
-são 2.200 policiais no Estado.
"Esperamos conseguir verbas para fazer mais 4.000 e poder distribuir para as polícias
ambientais do Brasil e parques", afirmou Nassaro.
Por ter capa impermeável e
fichas plastificadas, pode-se
consultá-lo mesmo sob chuva.
O custo total do projeto foi de
R$ 142 mil. Agora, a intenção é
iniciar um manual sobre a flora.
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