São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2009

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Professora é presa acusada de matar filho

Garoto de cinco anos havia sido adotado por ela em março e, segundo a polícia, morreu um dia depois de ser espancado

Mulher confessou o crime, diz a polícia; Vara da Infância e da Juventude vai apurar se houve alguma irregularidade na adoção

TALIS MAURÍCIO
DO "AGORA"

A professora Solange Gusson Machado, 42, foi presa em flagrante anteontem à tarde depois de, segundo a polícia, confessar ter espancado com socos um de seus dois filhos adotivos -um menino de cinco anos.
A agressão aconteceu na noite da última segunda, na casa onde os três viviam, em Pirituba (zona norte de SP).
Peterson morreu um dia depois, com hemorragia interna na região torácica e abdominal. Segundo o laudo do IML, ele tinha hematomas em todo o corpo, inclusive na cabeça. Havia lesões recentes e antigas. "Presume-se que ele era espancado com frequência", diz o investigador-chefe Wagner Agnolon.
Segundo a polícia, a agressão ocorreu por volta das 19h de segunda. No dia seguinte, pela manhã, o menino começou a vomitar e eles foram para a casa de uma tia dela, em Osasco (Grande SP). À tarde, seguiram para a casa de um outro tio, em Campo Limpo Paulista (53 km de SP). O garoto piorou.
"Decidiram levar o menino ao médico, e a Solange queria levá-lo ao [hospital do] Servidor Público. Mas, no caminho, ele desmaiou e acabaram indo ao posto de saúde de Cajamar [Grande SP], que fica no caminho", disse o irmão da professora, o autônomo Artur Gusson Machado, 41.
Segundo os funcionários da unidade de saúde de Cajamar, ele já chegou morto. Os médicos estranharam os hematomas no corpo da criança e chamaram a polícia. Levada à delegacia, Solange confessou.
A professora foi indiciada por homicídio qualificado e está presa na Cadeia Pública Feminina de Mairiporã (Grande SP). O outro filho adotivo, um menino de quatro anos, será entregue ao pai dela -considerado seu avô.
Foram pedidos exames para saber se ele era agredido. À polícia o menino de quatro anos disse que nunca apanhou e que o seu irmão mais velho foi espancado porque vomitava constantemente.
O investigador-chefe disse que Solange não chorou e se mostrou bastante fria. "Questionei o que ela merecia e ela respondeu: "Ser presa". O motivo? Ela não apresentou nenhum", disse Agnolon.
A professora tinha adotado os meninos havia menos de um ano. A guarda deles foi cedida pela Vara da Infância e da Juventude da Lapa, em 18 de março de 2008.
Parentes de Solange reclamaram da forma como as crianças foram entregues a ela. "Antes de autorizarem a adoção, deveriam procurar alguém da família para saber se ela tinha condições psicológicas. Ninguém nunca nos procurou", disse o irmão.
A Vara da Infância e da Juventude da Lapa afirmou que vai desarquivar o processo e apurar se houve irregularidades na adoção.
A reportagem não conseguiu falar com Solange ontem. Segundo a polícia, ela ainda não tem advogado constituído.


Colaborou a Reportagem Local


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