São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004

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SAÚDE

Primeiro ambulatório especializado do Brasil ajudará a entender doença que aumenta com a velhice

País passa a estudar osteoporose masculina

AURELIANO BIANCARELLI
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A osteoporose não é mais uma doença exclusiva das mulheres. Aliás, nunca foi. A diferença agora é que acaba de ser criado no Rio o primeiro Ambulatório de Osteoporose Masculina do país.
O objetivo será medir a incidência dessa doença entre os homens, conhecer como ela evolui, saber como preveni-la e como tratá-la.
Até agora, o tema sempre esteve ligado às mulheres porque quase 30% delas manifestavam sinais da doença num período muito curto após a menopausa, quatro ou cinco anos após. Parte delas apresentava sintomas da osteoporose, outras tinham osteoponia, um estágio anterior da doença.
No caso dos homens, diferentemente, a doença só costuma aparecer, em geral, depois dos 60 anos. "Por volta dos 65 anos, o número de homens com osteoporose já se equivale ao de mulheres", diz Salo Buksman, coordenador de projetos para idosos do Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into) do Ministério da Saúde, órgão que está abrindo o ambulatório no Rio.
Estudos realizados em alguns países do Primeiro Mundo mostram que 4% a 6% dos homens apresentam a doença depois dos 50 anos. O ambulatório do Into vai permitir que se tenha um número mais preciso para o Brasil.
A preocupação com os homens se deve, especialmente, à gravidade das conseqüências. Apesar de as mulheres sofrerem dois terços de todas as fraturas de fêmur, a mortalidade entre os homens é maior. O risco de morrer no primeiro ano depois da fratura do fêmur é de 31% nos homens e de 17% nas mulheres.
Segundo Buksman, isso se deve à imobilidade provocada pela fratura e que gera pneumonias mais freqüentes entre os homens. Há também as úlceras de pressão (as escaras), o agravamento das doenças cardiológicas, a depressão e a evolução mais rápida da própria osteoporose.

As causas no homem
A osteoporose é uma perda de cálcio no osso, alterando sua micro-estrutura e deixando-o mais frágil. Choques de pequeno impacto, que nada causariam em uma pessoa sadia, pode provocar quebra de ossos em pacientes com osteoporose. As fraturas mais freqüentes ocorrem no quadril, na coluna e no punho.
Na mulher, a osteoporose se instala com mais freqüência assim que seu organismo deixa de produzir hormônios. A terapia de reposição hormonal (TRH), que representava uma ajuda importante para evitar a doença, passou a ser questionada depois que estudos relacionaram seu uso ao câncer de mama e do colo do útero.
No homem, a produção de hormônio cai lentamente, pois as causas da osteoporose são secundárias, como explica Henrique Carriço da Silva, da clínica de reumatologia da Santa Casa e do grupo de osteoporose da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Segundo ele, no homem a osteoporose ocorre pelo processo de envelhecimento e atinge mais os fumantes, aqueles que bebem com freqüência, os que tomaram cortisona por longos períodos. Certos tipo de câncer também podem favorecer a doença.

Como prevenir e tratar

Para quem já está com a doença, a medicina oferece hoje medicamentos anti-reabsorvíveis e bi-fosfonatos, drogas que interrompem a perda de massa óssea. Novos medicamentos, que poderão ser tomados uma vez ao mês, já estão sendo testados e devem chegar ao mercado em alguns meses.
Para quem ainda não tem a doença, os médicos sugerem exames de densiotometria óssea a partir dos 50, que serão repetidos em intervalos de dois a quatro anos, dependendo do histórico e do perfil da pessoa.
O mais importante, avisam os médicos, é uma vida de atividades físicas iniciada já na adolescência. Até os 20 anos, os jovens estariam formando a massa óssea, por isso sol e exercícios são importantes. Também devem tomar pelo menos três copos de leite ou comer três pedaços de queijo por dia, fornecendo ao organismo o cálcio que necessita. Com a idade, poderá substituir o leite por cápsulas à base de cálcio com vitamina D, mas os exercícios devem ser mantidos em todas as idades.
O Ambulatório de Osteoporose Masculina do Into vai atender todos os homens acima de 50 anos, independentemente de ter ou não a doença. "A intenção é fazer um acompanhamento de forma a ampliar nossos conhecimentos sobre a doença", diz Buksman.
Carriço da Silva lembra que todos os grandes hospitais possuem ambulatórios de osteoporose que atendem homens e mulheres.


Interessados podem se informar pelo telefone 0/xx/21/ 3852-7772, ramal 135


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