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Após ataques, 3 chefes do PCC são isolados
Ronaldo Marzagão, secretário da Segurança, disse que ainda é prematuro vincular os atentados à facção criminosa
Ontem, um dia após os atentados em São Paulo, presos se recusaram a comparecer a audiências
já marcadas na Justiça
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE
PRUDENTE
Um dia depois de quatro
atentados em São Paulo, quando três ônibus foram queimados e um carro da PM foi alvo
de tiros, o secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, isolou ontem três dos chefes da facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no CRP
(Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (589 km de SP).
Também ontem, detentos se
recusaram a sair de presídios e
não compareceram a audiências na Justiça. A chamada
"greve branca" foi usada pelos
presos no ano passado, durante
as ondas de violência promovidas pelo PCC.
O secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão,
confirmou a existência da "greve branca". Mesmo assim, ele
afirmou que é "prematuro" vincular os ataques à facção.
Por ordem de Ferreira Pinto,
Rogério Jeremias de Simone, o
Gegê do Mangue, Abel Pacheco
de Andrade, o Vida Loka, e Fabiano Alves de Souza, o Guga
Paca, foram removidos sob um
grande esquema de segurança,
na manhã de ontem, da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP) para o
CRP de Presidente Bernardes,
onde vigora o RDD (Regime
Disciplinar Diferenciado).
Ferreira Pinto não respondeu ao pedido de entrevista feito pela Folha ontem.
Gegê, Vida Loka e Guga Paca
são ligados ao PCC e foram
apontados como os responsáveis por um motim ocorrido
anteontem na P2 de Venceslau,
horas antes dos ataques.
Os três se recusaram a mudar de suas celas, logo após revista. Houve confronto na prisão -que teve todos os vidros
das celas quebrados- entre detentos e integrantes do GIR
(Grupo de Intervenção Rápida), da SAP, que deram tiros de
borracha e soltaram cães.
Grampos telefônicos da Polícia Civil apontam que, após o
tumulto, chefes do PCC deram
ordem, via telefone celular, para os ataques.
"Greve branca"
O secretário Ronaldo Marzagão disse que foi informado pela SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) da recusa
dos presos em comparecer às
audiências. "É um movimento
absolutamente pacífico. Não
compromete a segurança do
sistema prisional."
Apesar disso, o secretário
afirmou que o envolvimento do
PCC nos atentados de anteontem e na "greve branca" é apenas uma das hipóteses da investigação policial.
A assessoria do Tribunal de
Justiça confirmou a existência
da "greve branca" no Fórum
Criminal da Barra Funda, na
zona oeste, principalmente em
relação a presos do CDP (Centro de Detenção Provisória) de
São Bernardo do Campo.
Mas pelo menos outras duas
varas criminais, que não atendiam presos dessa unidade,
também confirmaram o não-comparecimento de detentos.
Juízes afirmaram que a SAP
ainda estaria fazendo um levantamento das unidades nas
quais os presos se recusaram a
sair. Segundo o TJ, só um levantamento a ser realizado hoje poderá dimensionar a extensão dessa "greve branca".
A assessoria da Secretaria da
Administração Penitenciária
não confirmou a manifestação
dos detentos. Segundo ela, não
havia qualquer relato de "greve
branca" até o começo da noite
de ontem nem mesmo no CDP
de São Bernardo do Campo.
Depois dos ataques, a polícia
desencadeou ontem uma série
de operações e prendeu 34 pessoas, por outros crimes, sem
qualquer comprovação de ligação com as ações. Nenhum deles foi acusado pelos ataques.
Apesar de não ter ocorrido
novos ataques, as forças de segurança estão em alerta. Segundo informou a assessoria de
imprensa da PM, folgas de policiais foram suspensas e o policiamento foi reforçado nas
ruas. A Polícia Civil manteve
cones ao redor de delegacias.
Pelo segundo dia, ocorreu
uma blitz na P2 de Presidente
Venceslau. Nos dois dias, foram
apreendidos 12 celulares.
(ANDRÉ CARAMANTE, CRISTIANO MACHADO, GILMAR PENTEADO E KLEBER
TOMAZ)
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