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Serra chama empresas para explicar apagões
Governo convoca reunião de emergência e diz que interrupções de energia, mesmo com as tempestades, são inaceitáveis
Reação do tucano, possível candidato à Presidência da República, ocorre três dias após população enfrentar blecautes de mais de 24h
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes das 11 concessionárias de energia elétrica
que atuam no Estado de São
Paulo foram convocados para
uma reunião de emergência na
tarde de hoje para dar explicações ao governo sobre os problemas de fornecimento de
energia ocorridos na semana
passada durante as chuvas.
Na capital, por exemplo, moradores de 16 bairros, como Vila Madalena, Perdizes, Santana, Pinheiros e Itaquera, ficaram sem luz por mais de 24 horas. Outros pontos da cidade
também tiveram cortes de
energia no final de semana.
A AES Eletropaulo, responsável pelo serviço na capital, diz
que as panes foram provocadas
pela queda de árvores decorrente da "chuva atípica", que
teria quase dobrado as ocorrências de corte de energia.
Para o governo, que não se
manifestou durante os apagões
de quinta e sexta-feira, essa explicação não é suficiente para
entender a grande demora no
restabelecimento do serviço.
"É absolutamente inaceitável que a população fique mais
de 24 horas sem energia elétrica. Por se tratar de serviço essencial, as concessionárias têm
obrigação de estar preparadas
para situações de emergência",
disse o secretário de Justiça e
da Defesa da Cidadania, Luiz
Antonio Marrey, em nota divulgada ontem à tarde.
A convocação de emergência,
ainda segundo a nota, foi determinada pelo governador José
Serra (PSDB) em reunião realizada no final de semana.
A reação de Serra, que pode
ser candidato à Presidência da
República, ocorre um dia depois de o prefeito Gilberto Kassab (DEM), seu aliado, também
ter ameaçado romper o contrato com as empresas responsáveis pela limpeza dos piscinões
(leia texto nesta página). As enchentes e os seguidos blecautes
podem representar desgaste
para a candidatura PSDB-DEM
ao Palácio dos Bandeirantes.
Além de Marrey, participarão da reunião pelo governo a
secretária Dilma Pena (Saneamento e Energia) e o diretor-executivo do Procon, Roberto
Pfeiffer. A participação de
Pfeiffer é importante porque as
sanções que poderão ser aplicadas pelo governo paulista contra as empresas são no âmbito
das relações de consumo.
Outras punições só podem
ser determinadas pela Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica), que regulamenta o
setor elétrico no país. Procurada, a Eletropaulo informou que
está à disposição para fornecer
todos os esclarecimentos e que
busca melhorar o serviço prestado. O governo também convocará a CPFL (que congrega
sete concessionárias), a Elektro, a Bandeirante Energia e a
Caiuá. Procuradas, as empresas
não se manifestaram.
Essa é a segunda vez que as
concessionárias são convocadas pelo governo. No ano passado, após a Folha revelar um
erro de cálculo nas tarifas, elas
foram chamadas para suspender a cobrança irregular. Até
agora, não foi definido, porém,
como o dinheiro cobrado indevidamente será devolvido.
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