São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2011

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LADISLAU DE HOMONNAY (1914-2011)

Um húngaro e a diplomacia

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Para ser diplomata, como queria, Ladislau de Homonnay ouviu do pai que precisaria conhecer muitas línguas. Sendo assim, aprendeu sete.
Filho de um político, ele nasceu em Budapeste, e para alcançar o objetivo profissional, doutorou-se em direito internacional e economia.
O primeiro cargo foi em 1940, como secretário da embaixada da Hungria em Moscou. Passaria por outros países, como a Bulgária, onde ajudou judeus a fugirem do nazismo. Sua família, em Budapeste, escondia crianças judias no sótão de casa.
Após assumir um cargo na Suécia, soube que havia sido condenado à morte pelos nazistas. Foi viver em Paris.
A segunda vez que viu sua vida em risco ele estava trabalhando na Iugoslávia. Por se opor aos stalinistas, teve de fugir para a Suíça. Nesta época, foi chamado para retornar à Hungria e, por se recusar, perdeu sua cidadania.
Em 1949, escolheu o Brasil, porque tinha sol. Em SP, foi representante de vendas e trabalhou por 20 anos numa firma alemã. Lecionou na Escola de Sociologia e Política.
Lia e escrevia muito. Há dez anos, teve dengue, e perdeu visão e parte da audição. Há dois anos e meio, sua saúde piorou. A mulher passou a ler para ele todas as tardes.
Em 1992, a Hungria devolveu sua nacionalidade, com um pedido de desculpas.
Morreu na quarta, aos 96, de problemas pulmonares, deixando a mulher, Vilma, com quem faria 68 anos de casado na semana que vem. Teve quatro filhos, nove netos e cinco bisnetos. A missa do sétimo dia será hoje, às 11h, na capela do colégio Santo Américo, em SP.

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