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CARNAVAL 2
Política dá o
tom dos
enredos no
Rio este ano
da Sucursal do Rio
A política será a tônica dos desfiles das escolas de samba no Carnaval carioca deste ano. De um modo ou de outro, 9 das 14 agremiações do Grupo Especial abordarão
temas eminentemente políticos ou
"politicamente corretos".
No primeiro caso, estão Vila Isabel, Grande Rio, Porto da Pedra e
Mangueira. No segundo, Beija-Flor, Tradição, Imperatriz,
União da Ilha e Caprichosos.
Na Grande Rio, o enredo em homenagem ao líder comunista Luiz
Carlos Prestes originou uma disputa política: revoltada com o
convite da escola à ex-sem-terra
Débora Rodrigues, que brigou
com o MST, a viúva de Prestes,
Maria Prestes, decidiu não desfilar, acompanhando os integrantes
do movimento.
O curioso é que o carnavalesco
da Grande Rio, Max Lopes, quer
questionar, no desfile, a validade
da Coluna Prestes (força armada
que percorreu o interior do Brasil
de outubro de 1924 a fevereiro de
1927), em face da derrocada do comunismo nos anos 80 e 90.
Embora seu enredo sobre Chico
Buarque não se restrinja às lutas
políticas do compositor, o carnavalesco da Mangueira, Alexandre
Louzada, dará relevo a esse aspecto -tanto que a viúva de Prestes
quer levar a dissidência da Grande
Rio para a verde-e-rosa.
Outro enredo de cunho político
é o da Vila Isabel. O carnavalesco
Jorge Freitas contará a história do
homem, desde o início da Idade
Média até a Revolução Francesa,
para mostrar que os problemas
sociais permanecem até hoje.
A ala das crianças virá vestida
com uma fantasia que é metade
rei, metade mendigo. "As pessoas
vão notar que isso tem a ver com a
realidade atual", disse Freitas.
Entre os enredos politicamente
corretos, há espaço para as questões ecológicas e ligadas à raça negra. O primeiro tema será abordado por três escolas (Tradição, Imperatriz e Beija-Flor). O segundo,
por duas (Caprichosos e Ilha).
A carnavalesca Rosa Magalhães,
da Imperatriz, pretende demonstrar que o avanço da tecnologia
não foi capaz de resolver os maiores problemas da espécie humana.
Na Tradição e na Beija-Flor, a
preocupação ecológica remete à
preservação da selva amazônica.
A luta dos negros por seus direitos é o fio condutor do desfile da
Caprichosos. A senadora Benedita
da Silva (PT-RJ) será homenageada como "símbolo da capacidade
de superação da raça", disse o carnavalesco Jerônimo Guimarães.
A União da Ilha retratará a vida
do fotógrafo francês Pierre Verger, que registrou a cultura negra
na África e na Bahia.
(Mário Moreira)
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