São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Salgueiro e Imperatriz foram as que mais animaram o público; Beija Flor e Mocidade Independente também têm chances; TV transmite resultado da apuração hoje à tarde
Quatro escolas disputam título de campeã no Rio

Juca Varella/Folha Imagem
Passiatas da Salgueiro no desfile de anteontem, cujo enredo abordou a chegada da família real portuguesa no século 19; a escola foi superior na parte musical


MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio

Pelo menos quatro escolas podem levar o título de campeã do Carnaval no Rio. Num desfile marcado pelo luxo -a prefeitura deu R$ 500 mil a cada uma para se preparar-, não houve uma em especial que recebesse a aclamação total do público. Em compensação, cinco deixaram a avenida sob o grito de "campeã". O resultado será conhecido hoje à tarde.
Salgueiro e Imperatriz, que passaram na noite de segunda-feira, foram as que apresentaram os desfiles mais empolgantes, considerando o conjunto. O Salgueiro foi superior na parte musical -bateria e samba-enredo-, o que garantiu uma resposta mais animada das arquibancadas.
Beija Flor, penúltima a desfilar na segunda, e Mocidade, destaque solitário de domingo com um enredo sobre as cores da bandeira brasileira, também têm chances. Passaram bem, sem cometer erros à luz do regulamento.
Além dessas, a Mangueira foi aclamada na praça da Apoteose, mas é pouco provável que a escola escape de perder por buracos criados entre as alas devido à quebra de três carros alegóricos.
A Viradouro, que fechou na madrugada de ontem a maratona de desfiles, e a Unidos da Tijuca, que abriu a noite de segunda-feira, também podem ficar entre as cinco primeiras e participar do Desfile das Campeãs, no sábado.
Coube ao Salgueiro, com um enredo aparentemente banal -a chegada da família real portuguesa ao Brasil e suas consequências para o país-, dar um quê de inovação e ousadia ao desfile monotemático deste ano, sobre os 500 anos do Descobrimento.

Narrativa fácil
O carnavalesco Mauro Quintaes dividiu o tema em duas partes: uma narrativa, contando, com fantasias de belo efeito e facílimo entendimento, as origens da vinda da família real e o fato histórico em si; outra futurista, em que pierrôs com guitarras elétricas e arlequins de capacetes prateados precediam a ala de "navegantes do futuro" -crianças vestindo computadores na cabeça para "navegar" na Internet.
A Imperatriz passou, como sempre, de maneira impecável para contar o Descobrimento do Brasil. Se algo pode derrubá-la, é o samba, apesar do esforço da escola em cantá-lo. As fantasias eram de alto luxo, e as alegorias, nem se fala. Tudo no mais puro estilo Rosa Magalhães, caprichado e detalhista ao extremo.
No caso da Beija Flor, o ponto fraco é o enredo, confuso, sobre uma "conspiração celestial" que determinou o Brasil como "pátria de todos os povos". O forte são as alegorias, especialmente duas: uma de navio negreiro e outra retratando uma favela.
A Viradouro, do sempre imprevisível Joãosinho Trinta, trouxe um enredo sobre os "paraísos e infernos" vividos pelos índios e brancos na história do país. Dentro dessa visão alegórica, estava tudo de acordo. O que faltou à escola foi mais punch, apesar dos esforços de mestre Ciça e sua bateria para sacudir o público.



Texto Anterior: Barbara Gancia: Seios siliconados resistirão à passagem do tempo?
Próximo Texto: Notas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.