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"Carnaval de Jesus" reúne 160 mil em SP
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
Pelo menos no quesito animação, o Carnaval do padre Marcelo
Rossi não ficou devendo nada a
nenhum outro. No final da manhã de ontem, cerca de 160 mil
cantavam seus refrãos e acenavam com lenços verde-amarelos.
Foi o segundo ano que o padre comandou o Carnaval de Jesus, como a festa ficou conhecida.
A multidão ocupou quase 500
metros de uma larga avenida em
Interlagos, na zona sul da cidade.
Encarapitado no ponto mais alto
de um enorme carro de som, padre Marcelo comandou a missa e
depois o Carnaval. "É o trio elétrico de Jesus", anunciou ele no final
da cerimônia, que começou às 9h
e terminou por volta de 12h, interrompida pela chuva -a previsão
era durar até 13h.
"Vocês querem Carnaval ou
não querem?" A multidão respondeu que sim e o padre atacou
com a primeira de quase 20 de
suas músicas. As mais conhecidas
eram "Segura na Mão de Deus" e
o "Senhor tem Muitos Filhos".
"Eu queria resgatar a idéia dos
Carnavais da Idade Média, quando o povo cantava e se divertia de
maneira saudável e sem violência", disse o padre. Parece ter conseguido: não houve brigas, uma
única pessoa desmaiou e apenas
três crianças se perderam. "Para
uma multidão dessas, foi uma festa tranquila", avaliou o tenente
Cássio Pederiva, responsável pelo
policiamento e que estimou o número de presentes em 160 mil.
Os "fiéis-foliões", na grande
maioria mulheres, exibiam camisetas da Virgem e tinham na cabeça faixas saudando Jesus. "Eu já
gostei dos Carnavais do mundo",
disse a telefonista Vanda Serralheiro, 53, que há quatro anos
acompanha o padre Marcelo.
"Me cansei das sem-vergonhices,
das festas de tirar a roupa."
A estudante Marcela Sarria Viana, 16, estava debutando nos Carnavais. "Era uma festa assim que
eu sonhava."
O cantor Michel Reis, 36, seguidor de Raul Seixas nas músicas e
no estilo, disse que seu ídolo estaria ali se estivesse vivo. "Era um filósofo, como o padre Marcelo,
que com sua música está trazendo
o povo de volta para a igreja."
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