São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


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"Carnaval de Jesus" reúne 160 mil em SP

AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

Pelo menos no quesito animação, o Carnaval do padre Marcelo Rossi não ficou devendo nada a nenhum outro. No final da manhã de ontem, cerca de 160 mil cantavam seus refrãos e acenavam com lenços verde-amarelos. Foi o segundo ano que o padre comandou o Carnaval de Jesus, como a festa ficou conhecida.
A multidão ocupou quase 500 metros de uma larga avenida em Interlagos, na zona sul da cidade. Encarapitado no ponto mais alto de um enorme carro de som, padre Marcelo comandou a missa e depois o Carnaval. "É o trio elétrico de Jesus", anunciou ele no final da cerimônia, que começou às 9h e terminou por volta de 12h, interrompida pela chuva -a previsão era durar até 13h.
"Vocês querem Carnaval ou não querem?" A multidão respondeu que sim e o padre atacou com a primeira de quase 20 de suas músicas. As mais conhecidas eram "Segura na Mão de Deus" e o "Senhor tem Muitos Filhos".
"Eu queria resgatar a idéia dos Carnavais da Idade Média, quando o povo cantava e se divertia de maneira saudável e sem violência", disse o padre. Parece ter conseguido: não houve brigas, uma única pessoa desmaiou e apenas três crianças se perderam. "Para uma multidão dessas, foi uma festa tranquila", avaliou o tenente Cássio Pederiva, responsável pelo policiamento e que estimou o número de presentes em 160 mil.
Os "fiéis-foliões", na grande maioria mulheres, exibiam camisetas da Virgem e tinham na cabeça faixas saudando Jesus. "Eu já gostei dos Carnavais do mundo", disse a telefonista Vanda Serralheiro, 53, que há quatro anos acompanha o padre Marcelo. "Me cansei das sem-vergonhices, das festas de tirar a roupa."
A estudante Marcela Sarria Viana, 16, estava debutando nos Carnavais. "Era uma festa assim que eu sonhava."
O cantor Michel Reis, 36, seguidor de Raul Seixas nas músicas e no estilo, disse que seu ídolo estaria ali se estivesse vivo. "Era um filósofo, como o padre Marcelo, que com sua música está trazendo o povo de volta para a igreja."



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