NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

A exclusividade da Globo, o tema único do "descobrimento", o louvor unânime à diversidade étnica, a Bahia tediosa da Band -o Carnaval foi de um civismo nauseante na TV.
A cada madrugada, os narradores e seus discursos se repetiam, Cléber Machado, Fernando Vanucci, Pedro Bial. E eles falavam demais, sobretudo Bial, em suas aulas de Brasil e Bahia, portugueses e africanos.
Bem que o desventuroso Rafael Greca avisou, na véspera do Carnaval, que o tema infundiria a "compreensão didática" da história aos que "não tiveram acesso aos livros". A "folia" foi um curso intensivo de história politicamente correta.
Até a CNN falou da "excitação" no Brasil com a comemoração dos "500 anos da chegada dos primeiros exploradores". Uma aula para o mundo.

A Internet fez seu primeiro Carnaval de peso, com câmeras pelo país, mas também ela foi afetada pela exclusividade da Globo nos desfiles.
Em "streaming", cenas em movimento, o melhor que os portais tiveram foram cenas de rua, além de alguma coisa antes e depois dos desfiles.
As imagens foram ruins, mas com curioso estranhamento, ao negar a espetacularização.

Em meio à espetacularização da festa na TV, até a polêmica entre Rio e São Paulo, no fim, não foi além de uma disputa comercial, pouco cultural.
São Paulo passou a ter dois dias de desfile na Globo, que vem priorizando o mercado paulista. A decisão levou o prefeito do Rio a atacar o "rodeio carnavalesco chatíssimo", iniciando um conflito que Pedro Bial levou adiante.
Ontem falou o presidente da Vai-Vai, na Globo:
- O Rio perdeu a capital, perdeu a Fórmula 1, perdeu a hegemonia do futebol, vai perder o Carnaval e só não vai perder a praia porque não dá.
Cléber Machado ainda levou adiante, chamando de "meio infeliz" o prefeito carioca.
A exemplo da guerra fiscal, o que mais contou no episódio foi dinheiro, no caso, do turismo.