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RÁDIO PIRATA
GCM afirma não poder coibir uso dos aparelhos pelos ambulantes
Camelô usa walkie-talkie contra rapa
RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO
Acostumados a duelar com a
prefeitura pela ocupação das ruas
de São Paulo, os ambulantes do
centro da cidade passaram a recorrer a radiocomunicadores
portáteis para escapar da fiscalização -o chamado rapa.
O artifício é uma saída para evitar apreensões de mercadorias e,
também, conflitos com a GCM
(Guarda Civil Metropolitana).
Os aparelhos, walkie-talkies,
passaram a ser usados há cerca de
seis meses, segundo os próprios
camelôs. "Já são uns 30 [aparelhos]", estimou um deles, que não
quis se identificar. A estratégia
eletrônica é uma alternativa à habitual gritaria que antecede a fiscalização de GCMs no centro.
Nem todos os ambulantes, porém, usam os walkie-talkies. Os
aparelhos são pequenos, do tamanho de um celular, e custam de R$
150 a R$ 800, conforme o modelo
e a distância que pode alcançar.
Há cerca de 2.000 camelôs irregulares na região central, segundo
a Subprefeitura da Sé. Autorizados a trabalhar, são 974.
Discrição
"Ninguém pode saber que a
gente faz isso [usa os aparelhos]",
diz um ambulante. "Mas os guardas já não sabem?", questionou a
reportagem. "Sabem, mas a regional [Subprefeitura da Sé], não."
Para o coordenador do Movimento dos Ambulantes de São
Paulo Juarez Gomes, reagir com
radiocomunicadores é uma defesa ante as ações da GCM. "É uma
estratégia. O aparelho é barato e
qualquer um pode comprar."
GCM
A Guarda Civil Metropolitana
informou não poder impedir o
uso nem apreender os walkie-talkies dos camelôs que atuam no
centro de São Paulo. A GCM disse, ainda, não fazer escuta na freqüência usada pelos ambulantes.
A investigação do uso dos aparelhos é restrita, segundo a assessoria de imprensa do órgão, porque a GCM só pode usar, no rádio, freqüência autorizada pela
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Segundo a GCM, há 873 guardas-civis para coibir o comércio
ilegal no centro da cidade. Em
2005, a superintendência fez
75.891 apreensões. Neste ano, até
o início do mês, foram 17.896.
De acordo com a Subprefeitura
da Sé, houve aumento nas mercadorias apreendidas entre 2004 e
2005 - foram 1.644 toneladas no
ano passado contra 998 toneladas
apreendidas no ano anterior.
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