São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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RÁDIO PIRATA

GCM afirma não poder coibir uso dos aparelhos pelos ambulantes

Camelô usa walkie-talkie contra rapa

RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO

Acostumados a duelar com a prefeitura pela ocupação das ruas de São Paulo, os ambulantes do centro da cidade passaram a recorrer a radiocomunicadores portáteis para escapar da fiscalização -o chamado rapa.
O artifício é uma saída para evitar apreensões de mercadorias e, também, conflitos com a GCM (Guarda Civil Metropolitana).
Os aparelhos, walkie-talkies, passaram a ser usados há cerca de seis meses, segundo os próprios camelôs. "Já são uns 30 [aparelhos]", estimou um deles, que não quis se identificar. A estratégia eletrônica é uma alternativa à habitual gritaria que antecede a fiscalização de GCMs no centro.
Nem todos os ambulantes, porém, usam os walkie-talkies. Os aparelhos são pequenos, do tamanho de um celular, e custam de R$ 150 a R$ 800, conforme o modelo e a distância que pode alcançar.
Há cerca de 2.000 camelôs irregulares na região central, segundo a Subprefeitura da Sé. Autorizados a trabalhar, são 974.

Discrição
"Ninguém pode saber que a gente faz isso [usa os aparelhos]", diz um ambulante. "Mas os guardas já não sabem?", questionou a reportagem. "Sabem, mas a regional [Subprefeitura da Sé], não."
Para o coordenador do Movimento dos Ambulantes de São Paulo Juarez Gomes, reagir com radiocomunicadores é uma defesa ante as ações da GCM. "É uma estratégia. O aparelho é barato e qualquer um pode comprar."

GCM
A Guarda Civil Metropolitana informou não poder impedir o uso nem apreender os walkie-talkies dos camelôs que atuam no centro de São Paulo. A GCM disse, ainda, não fazer escuta na freqüência usada pelos ambulantes.
A investigação do uso dos aparelhos é restrita, segundo a assessoria de imprensa do órgão, porque a GCM só pode usar, no rádio, freqüência autorizada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Segundo a GCM, há 873 guardas-civis para coibir o comércio ilegal no centro da cidade. Em 2005, a superintendência fez 75.891 apreensões. Neste ano, até o início do mês, foram 17.896.
De acordo com a Subprefeitura da Sé, houve aumento nas mercadorias apreendidas entre 2004 e 2005 - foram 1.644 toneladas no ano passado contra 998 toneladas apreendidas no ano anterior.


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