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Picolé tem 1/3 da cota diária recomendada de açúcar
Conclusão é da Pro Teste, que analisou 5 marcas nos sabores limão e chocolate
Base de comparação utilizada é a recomendação da OMS de consumo máximo de açúcar por dia em uma dieta de 2.500 kcal
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O calor está intenso, mas
convém não abusar dos sorvetes. Pesquisa realizada pela Pro
Teste (Associação Brasileira de
Defesa do Consumidor) mostra
que alguns picolés vendidos no
mercado contêm um terço do
total de açúcar recomendado
em uma dieta diária de 2.500
kcal (quilocaloria).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que,
no máximo, 10% desse total
(250 kcal) seja de açúcar simples (excluídos os carboidratos), o equivalente a 63 gramas,
ou cinco colheres de açúcar.
A Pro Teste testou cinco
marcas dos dois sabores de picolés mais vendidos no país
-de chocolate e de limão. Os
picolés de limão tinham entre
18 g e 23,8 g de açúcar adicionado, respectivamente 30% e
38% do total de açúcar recomendado no dia.
Os picolés de chocolate apresentaram resultados parecidos:
entre 19,5 g e 23,6 g de açúcar,
ou 32% e 38% do total de açúcar diário preconizado. As marcas avaliadas foram Kibon,
Nestlé, La Basque, Sorvete Itália e Sorvete Brasil.
Na prática, o sorvete de chocolate, feito à base de leite, é
ainda mais doce porque a pesquisa da Pro Teste não avaliou
o teor de açúcar da lactose, apenas foi verificado o nível de açúcar adicionado aos sorvetes.
"O picolé de limão tem bem
menos calorias que o de chocolate, porque é feito à base de
água, enquanto o de chocolate,
além do açúcar, leva leite, que
contém proteína e gordura",
explica Maria Carolina Guimarães, engenheira de alimentos
da Pro Teste. Em média, um picolé de chocolate possui 169
kcal por 100 g, quase o dobro do
de limão -88 kcal por 100 g.
Não há no país ou no mundo
uma legislação que estabeleça
limites máximos de açúcar nos
picolés. Assim, os fabricantes
ficam livres para adicionar a
quantidade de açúcar que
acham mais adequada. Nos
EUA e na Europa, os valores de
açúcar adicionado aos sorvetes
são semelhantes aos do Brasil.
Na avaliação da Pro Teste, a
ausência de normas é uma falha grave porque, especialmente no verão, as pessoas abusam
do consumo de sorvete, o que
pode resultar em problemas
como sobrepeso, obesidade,
diabetes e outros problemas
cardiovasculares.
Para Maria Carolina, não há
nenhuma razão para não existir um limite de açúcar imposto
pela legislação. "A gente sabe
que o açúcar leva à obesidade e
causa cáries."
Para ela, os fabricantes não
estão cometendo irregularidade. "O brasileiro gosta de produto açucarado. Só que vai chegar um momento em que o governo ou as próprias empresas
terão que se preocupar em educar o público."
O endocrinologista Marcio
Mancini, do Hospital das Clínicas, minimiza os possíveis danos causados pelo açúcar contido nos picolés. "Acho mais
preocupante os sucos artificiais
ou aquelas mães que acrescentam açúcar nos sucos naturais.
As gorduras hidrogenadas também preocupam mais", afirma.
Segundo ele, se a pessoa pratica exercícios, pode exceder o
limite dos 10% de açúcar recomendado pela OMS.
Nutricionistas
Os picolés de fruta são os
mais indicados por nutricionistas e nutrólogos. Isso porque,
apesar de conter açúcar, eles
estão livres da gordura vegetal
hidrogenada, também conhecida como gordura trans.
Presente nos sorvetes de
massa, esse tipo de gordura aumenta o risco de problemas
cardiovasculares.
"Uma pessoa sedentária,
obesa, com altos índices glicêmicos e níveis de colesterol
ruim deve evitar o consumo
não só de sorvete mas de todos
os alimentos que tenham gordura hidrogenada. Por isso, é
preferível o sorvete de frutas",
diz a nutricionista e consultora
do Conselho Regional de Nutricionistas, Mariangela Dalaqua.
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