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Espanhóis só tinham US$ 100, diz delegado
Chefe da imigração no aeroporto de Salvador negou que a expulsão ocorrida anteontem tenha sido uma retaliação
Advogado espanhol que há 5 anos visita o Brasil disse ter recebido ontem, ao chegar de Madri, um tratamento hostil da PF
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Sete espanhóis -quatro homens e três mulheres- que
tentaram ingressar no Brasil
pelo Aeroporto Internacional
Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, foram repatriados na noite de anteontem.
De acordo com a PF, os espanhóis, que vieram pela Air Europa, tinham, em média, US$
100 (R$ 175) para ficar três semanas no país. Não apresentaram cartão de crédito, reservas
em hotéis e endereços de pessoas que iriam hospedá-los.
"A lei brasileira não estabelece uma quantia mínima de dinheiro por dia, como acontece
na Europa. Nós apenas utilizamos o bom senso porque ninguém fica três semanas em um
outro país sem local para se
hospedar e gastando apenas
US$ 100", disse o delegado André Costa de Melo, chefe da Delegacia de Imigração da PF.
Alberto Garcia Bayon, Abarat
Nathani Nathani, Rebeca Martinez Miranda, Francisca Garcia Huertas, Juan Jesus Ventura Artega, Pablo Lafuente Martin e Maria Perez Fernandez
chegaram a Salvador às 21h30
de quinta pela Air Europa e retornaram uma hora e meia depois, pela mesma companhia.
A PF não informou a idade de
cada um -disse apenas que a
faixa etária é de 26 anos.
O chefe do setor de imigração
no aeroporto de Salvador,
Francisco Miguel Gonçalves,
disse que a repatriação não foi
uma represália à decisão do governo espanhol de barrar a entrada de alguns brasileiros.
"É um trabalho de rotina que
visa prevenir a imigração ilegal
e o tráfico e que foi intensificado na semana passada."
Conforme o decreto 86.715,
de 1981, que regulamentou a lei
6.815, dos estrangeiros para os
quais não se exige visto de entrada no país, a PF deve requerer a apresentação do passaporte e, conforme a procedência, da carteira de vacinação.
Se o policial tiver dúvidas
quanto à condição de turista do
estrangeiro, também pode lhe
pedir que apresente a passagem de volta e os recursos materiais para ficar no Brasil pelo
tempo que se dispõe.
O delegado Melo acrescentou que, em média, nos últimos
seis meses, dez estrangeiros foram repatriados por mês em
Salvador -alemães, portugueses e italianos, pela ordem, lideram as estatísticas.
Mudança de atitude
"O comportamento da Polícia Federal mudou." A afirmação é do advogado espanhol
Miguel, 34, que chegou ontem
de Madri e disse ter recebido
tratamento "hostil".
Ele não quis dar o sobrenome
com medo de retaliações, mas
diz que há cinco anos vem com
freqüência ao Brasil para visitar a namorada. "Não fui barrado porque tenho todos os vistos
e perceberam que eu venho
muito para cá, mas não demonstraram o bom serviço que
eu costumava receber", disse.
Ele disse ter ouvido a conversa de dois agentes. "Ouvi quando disseram: "Vamos tratar os
espanhóis da mesma maneira
que estão nos tratando"."
Segundo ele, uma mulher foi
obrigada a mostrar cartões de
crédito e a responder perguntas como "A senhora está nervosa? Vai fazer algo errado?"
Colaboraram CINTHIA RODRIGUES e a Sucursal
de Brasília
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