São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Espanhóis só tinham US$ 100, diz delegado

Chefe da imigração no aeroporto de Salvador negou que a expulsão ocorrida anteontem tenha sido uma retaliação

Advogado espanhol que há 5 anos visita o Brasil disse ter recebido ontem, ao chegar de Madri, um tratamento hostil da PF

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Sete espanhóis -quatro homens e três mulheres- que tentaram ingressar no Brasil pelo Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, foram repatriados na noite de anteontem.
De acordo com a PF, os espanhóis, que vieram pela Air Europa, tinham, em média, US$ 100 (R$ 175) para ficar três semanas no país. Não apresentaram cartão de crédito, reservas em hotéis e endereços de pessoas que iriam hospedá-los.
"A lei brasileira não estabelece uma quantia mínima de dinheiro por dia, como acontece na Europa. Nós apenas utilizamos o bom senso porque ninguém fica três semanas em um outro país sem local para se hospedar e gastando apenas US$ 100", disse o delegado André Costa de Melo, chefe da Delegacia de Imigração da PF.
Alberto Garcia Bayon, Abarat Nathani Nathani, Rebeca Martinez Miranda, Francisca Garcia Huertas, Juan Jesus Ventura Artega, Pablo Lafuente Martin e Maria Perez Fernandez chegaram a Salvador às 21h30 de quinta pela Air Europa e retornaram uma hora e meia depois, pela mesma companhia.
A PF não informou a idade de cada um -disse apenas que a faixa etária é de 26 anos.
O chefe do setor de imigração no aeroporto de Salvador, Francisco Miguel Gonçalves, disse que a repatriação não foi uma represália à decisão do governo espanhol de barrar a entrada de alguns brasileiros. "É um trabalho de rotina que visa prevenir a imigração ilegal e o tráfico e que foi intensificado na semana passada."
Conforme o decreto 86.715, de 1981, que regulamentou a lei 6.815, dos estrangeiros para os quais não se exige visto de entrada no país, a PF deve requerer a apresentação do passaporte e, conforme a procedência, da carteira de vacinação.
Se o policial tiver dúvidas quanto à condição de turista do estrangeiro, também pode lhe pedir que apresente a passagem de volta e os recursos materiais para ficar no Brasil pelo tempo que se dispõe.
O delegado Melo acrescentou que, em média, nos últimos seis meses, dez estrangeiros foram repatriados por mês em Salvador -alemães, portugueses e italianos, pela ordem, lideram as estatísticas.

Mudança de atitude
"O comportamento da Polícia Federal mudou." A afirmação é do advogado espanhol Miguel, 34, que chegou ontem de Madri e disse ter recebido tratamento "hostil".
Ele não quis dar o sobrenome com medo de retaliações, mas diz que há cinco anos vem com freqüência ao Brasil para visitar a namorada. "Não fui barrado porque tenho todos os vistos e perceberam que eu venho muito para cá, mas não demonstraram o bom serviço que eu costumava receber", disse.
Ele disse ter ouvido a conversa de dois agentes. "Ouvi quando disseram: "Vamos tratar os espanhóis da mesma maneira que estão nos tratando"."
Segundo ele, uma mulher foi obrigada a mostrar cartões de crédito e a responder perguntas como "A senhora está nervosa? Vai fazer algo errado?"


Colaboraram CINTHIA RODRIGUES e a Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Lula deu aval à PF para barrar espanhóis
Próximo Texto: Governo espanhol já estuda pedir visto a brasileiros
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.