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Unip, que aprovou garoto, foi mal no Enade
Performance no Exame da Ordem foi "pífia", segundo a entidade; no exame do MEC, foi o pior resultado em direito de Goiânia
Família de João Victor quer que ele assista às aulas como ouvinte; pai de aluno aprovado no curso decidiu retirar o filho da instituição
FELIPE BÄCHTOLD
TALITA BEDINELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
A Unip de Goiás -que aprovou no vestibular para o curso
de direito um menino de oito
anos- teve conceito 2 no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) 2006 e
desempenho "pífio" no Exame
da Ordem, segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
No exame do MEC (Ministério da Educação), o curso da
Unip de Goiás teve nota entre 1
e 1,9 -o valor máximo é 5.
A média é composta por notas de concluintes (que se graduarão em breve) e ingressantes em duas provas, geral e específica. Concluintes tiveram
média de 42 acertos em 100
questões; os ingressantes, 29,5.
Em formação geral, a média
dos concluintes (53,1) superou
a média nacional (50,4). Já a
dos ingressantes foi menor
-40,9 contra 47 da nacional.
Em conteúdo específico, concluintes da Unip tiveram desempenho mais fraco que o resto do país (38,3 acertos contra
42,8), assim como os ingressantes (25,7 contra 31,2 do país).
Seu conceito no Enade é o
pior entre os cursos de direito
de Goiânia, com outras quatro
faculdades. Na cidade, a única
que obtém conceito máximo é a
Universidade Federal de Goiás.
No Exame da Ordem, o desempenho da Unip de Goiás foi
considerado fraco pela OAB.
Dos 124 alunos que prestaram,
25 passaram (cerca de 20%).
Em comunicado, a OAB disse
que os resultados são "pífios".
No Brasil, a média de aprovação foi de 35% - dado que exclui SP, MG, RO e RS, que não
integram o Exame unificado.
A aprovação de João Victor
Portellinha, 8, em direito, levou
o pai de um aluno que freqüentaria a mesma sala do menino a
retirar seu filho da instituição,
segundo um cursinho de Goiânia, que não quis ter o nome divulgado. A Unip nega.
A família de João Victor deve
se reunir hoje com um diretor
da Unip para discutir a presença dele como ouvinte. O garoto
disse que achou fácil a prova de
25 questões com três alternativas cada uma e que não "chutou". O tema da redação era
consumidores compulsivos.
Outro lado
José Nasr, diretor da Unip,
disse que João Victor Portellinha prestou a prova como "treineiro". Segundo ele, a universidade aceita a participação de
pessoas mais novas porque incentiva alunos superdotados.
Ele disse que a OAB costuma
considerar fraco o desempenho
de faculdades que aprovam menos de 10% dos que fazem o
Exame da Ordem e, por isso,
avalia que a Unip teve desempenho satisfatório.
Nasr afirmou ainda que o
MEC não considerou que a
Unip precisava de inspeção,
mesmo com conceito 2 no Enade, já que teve conceito 3 no
IDD (Indicador de Diferença
entre os Desempenhos Observado e Esperado) -outra avaliação considerada para a inspeção. A reportagem não conseguiu confirmar esse dado,
pois, segundo a assessoria do
MEC, o sistema estava fora do
ar. De acordo com Nasr, as
questões do vestibular têm cinco alternativas e não três.
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