São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Unip, que aprovou garoto, foi mal no Enade

Performance no Exame da Ordem foi "pífia", segundo a entidade; no exame do MEC, foi o pior resultado em direito de Goiânia

Família de João Victor quer que ele assista às aulas como ouvinte; pai de aluno aprovado no curso decidiu retirar o filho da instituição

FELIPE BÄCHTOLD
TALITA BEDINELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

A Unip de Goiás -que aprovou no vestibular para o curso de direito um menino de oito anos- teve conceito 2 no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) 2006 e desempenho "pífio" no Exame da Ordem, segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
No exame do MEC (Ministério da Educação), o curso da Unip de Goiás teve nota entre 1 e 1,9 -o valor máximo é 5.
A média é composta por notas de concluintes (que se graduarão em breve) e ingressantes em duas provas, geral e específica. Concluintes tiveram média de 42 acertos em 100 questões; os ingressantes, 29,5.
Em formação geral, a média dos concluintes (53,1) superou a média nacional (50,4). Já a dos ingressantes foi menor -40,9 contra 47 da nacional. Em conteúdo específico, concluintes da Unip tiveram desempenho mais fraco que o resto do país (38,3 acertos contra 42,8), assim como os ingressantes (25,7 contra 31,2 do país).
Seu conceito no Enade é o pior entre os cursos de direito de Goiânia, com outras quatro faculdades. Na cidade, a única que obtém conceito máximo é a Universidade Federal de Goiás.
No Exame da Ordem, o desempenho da Unip de Goiás foi considerado fraco pela OAB. Dos 124 alunos que prestaram, 25 passaram (cerca de 20%). Em comunicado, a OAB disse que os resultados são "pífios". No Brasil, a média de aprovação foi de 35% - dado que exclui SP, MG, RO e RS, que não integram o Exame unificado.
A aprovação de João Victor Portellinha, 8, em direito, levou o pai de um aluno que freqüentaria a mesma sala do menino a retirar seu filho da instituição, segundo um cursinho de Goiânia, que não quis ter o nome divulgado. A Unip nega.
A família de João Victor deve se reunir hoje com um diretor da Unip para discutir a presença dele como ouvinte. O garoto disse que achou fácil a prova de 25 questões com três alternativas cada uma e que não "chutou". O tema da redação era consumidores compulsivos.

Outro lado
José Nasr, diretor da Unip, disse que João Victor Portellinha prestou a prova como "treineiro". Segundo ele, a universidade aceita a participação de pessoas mais novas porque incentiva alunos superdotados.
Ele disse que a OAB costuma considerar fraco o desempenho de faculdades que aprovam menos de 10% dos que fazem o Exame da Ordem e, por isso, avalia que a Unip teve desempenho satisfatório.
Nasr afirmou ainda que o MEC não considerou que a Unip precisava de inspeção, mesmo com conceito 2 no Enade, já que teve conceito 3 no IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado) -outra avaliação considerada para a inspeção. A reportagem não conseguiu confirmar esse dado, pois, segundo a assessoria do MEC, o sistema estava fora do ar. De acordo com Nasr, as questões do vestibular têm cinco alternativas e não três.


Texto Anterior: Guia da Folha: Confira as mudanças na programação
Próximo Texto: Reforma ortográfica: Presidente português se mostra favorável a mudanças na escrita
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.