São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Protesto contra ônibus lento fecha via por 6 h

Para protestar contra a lentidão do transporte coletivo, usuários fazem barricadas e depredam ao menos oito ônibus

Para desimpedir via, PM usa Tropa de Choque e bombas de efeito moral e prende dez manifestantes; secretário promete melhorar fluidez

RICARDO SANGIOVANNI
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um protesto de cerca de mil pessoas contra a lentidão do transporte coletivo fechou ontem durante seis horas a ligação entre a estrada M'boi Mirim e a avenida Guarapiranga, na zona sul de São Paulo, e só terminou com a intervenção da Polícia Militar, que utilizou bombas de efeito moral e prendeu dez manifestantes.
Os moradores fizeram uma barricada com paus, pedras e pneus em chamas. Pelo menos oito ônibus foram depredados, segundo a polícia. O protesto não deixou feridos graves, mas, com a aproximação da PM, que deslocou a Tropa de Choque ao local, houve correria.
O cobrador de um dos ônibus sofreu um corte leve na mão. Dentro de um outro ônibus, uma mulher passou mal e foi levada à Santa Casa de Santo Amaro, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. O hospital, no entanto, disse não ter registrado a entrada da paciente.
Cerca de 120 PMs participaram da operação para desobstruir a rua. Com a chegada da polícia, os manifestantes passaram a atirar pedras nos ônibus que estavam parados.
Segundo passageiros, o protesto começou por volta das 6h30, com cerca de 20 pessoas, que atiraram uma pedra em um ônibus. O grupo estaria descontente com o engarrafamento no corredor de ônibus na região. De acordo com usuários, uma viagem que levaria 15 minutos chega a demorar 40 minutos.
Há dias em que, segundo os passageiros, as filas de ônibus chegam a 5,8 km, da avenida Guido Caloi até o terminal Jardim Ângela. Com os atrasos, usuários chegam a deixar os coletivos para seguir a pé.
O problema foi reconhecido pelo secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes, que foi ao local e prometeu medidas para aumentar a fluidez nos corredores exclusivos e melhorar o sistema viário.
Ao SP-Urbanuss, sindicato das empresas de ônibus, nega que haja superlotação na zona sul, que, segundo a secretaria, movimenta diariamente 38% dos passageiros em São Paulo.
Segundo a SPTrans, foram transportados em janeiro pelo sistema 210 milhões de passageiros, contra 203 milhões em 2006 -a frota passou de 14.846 para 14.892 no período.

"Fora Kassab"
Com a paralisação do tráfego, passageiros da linha desceram dos coletivos e aderiram à manifestação aos gritos de "Fora Kassab" e "Queremos solução".
Pela manhã, assessores próximos ao secretário chegaram a cogitar que a manifestação pudesse ter sido orquestrada pelo PT, que tem forte presença na zona sul. O vereador Antonio Donato (PT) foi ao local.
Atilio de Brito, do diretório regional do PT na zona sul, negou que o partido tivesse organizado a manifestação. "Só fiquei sabendo bem depois do que havia ocorrido", disse.


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