São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Crescem uniões de mulheres mais velhas que os homens

Alta não muda padrão social, cuja tendência é homem se unir a mulher mais nova

Segundo o IBGE, relações em que mulheres são mais velhas cresceram 36% entre 1996 e 2006, mas elas ainda são apenas 21,5% do total

DA SUCURSAL DO RIO

Os tempos estão mudando a favor das mulheres brasileiras, mas de forma lenta, muito lenta. Um estudo divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela que aumentou de 5,6 milhões para 7,7 milhões o número de uniões em que as mulheres são mais velhas do que os homens -uma variação de 36% de 1996 para 2006.
Esse crescimento, no entanto, ainda está longe de sinalizar uma mudança no padrão da sociedade, em que homens tendem a se casar com mulheres mais novas. No mesmo período, o número de uniões onde eles são mais velhos do que elas aumentou de 22,3 para 28 milhões, uma variação de 25%.
Levando em conta somente as uniões onde havia diferença de idade, entre 1996 e 2006, a proporção de casais com mulheres mais velhas teve um aumento de 20,1% para 21,5%.
Outro dado da mesma pesquisa que indica que o padrão de casamento com cônjuge mais jovem continua predominantemente masculino é o diferencial de idade. No caso das mulheres casadas com homens mais jovens, em 65% dos casos a diferença de idade é inferior a quatro anos. Quando se analisa a situação inversa -homens mais velhos do que suas companheiras-, ocorre justamente o contrário: a maioria (54%) das uniões acontecia entre casais onde o homem era, no mínimo, quatro anos mais velho.
"Mostramos nesse estudo que o crescimento no número de uniões de pessoas com idades diferentes foi maior entre os arranjos familiares onde as mulheres são mais velhas. No entanto, o modelo mais freqüente continua sendo o de homens casados com mulheres mais novas, principalmente quando a diferença de idade é superior a dez anos", afirma a economista Cristiane Soares, técnica da coordenação de população e indicadores sociais do IBGE.
No caso de mulheres ao menos dez anos mais velhas do que seus companheiros, em 2006 havia 928 mil casais com essas características. Na situação inversa (homens mais velhos com diferença superior a dez anos de idade), esse número chegava a 5,5 milhões. Isso significa que para cada união em que as mulheres eram dez anos mais velhas, havia pelo menos cinco arranjos familiares em que os homens eram dez anos mais velhos.

Renda
Além de apresentar novos dados sobre uniões, o IBGE também divulgou ontem um estudo comparando o rendimento salarial de homens e mulheres nas seis principais regiões metropolitanas do país (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belo Horizonte).
Com dados referentes a janeiro deste ano, os dados colhidos pelo IBGE mostram que, mesmo tendo nível superior, as mulheres recebiam, em média, apenas 60% do rendimento verificado para homens com mesmo nível de escolaridade.
O estudo, no entanto, não levou em conta as ocupações profissionais de homens e mulheres na comparação. Os dados de uma outra pesquisa feita pelo IBGE, a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), mostram que, mesmo entre trabalhadores na mesma profissão e com mesmo nível de escolaridade, o diferencial em salários costuma ser a favor dos homens.
Entre médicos, 42% eram mulheres em 2006. Levando em conta uma jornada de 40 horas semanais, o rendimento médio dos homens era de R$ 5.669, 39% a mais do que o verificado para mulheres com mesma jornada (R$ 4.067).
Essa situação, sempre a favor dos homens, se repete em outras carreiras profissionais com exigência de nível superior, como arquitetos, dentistas, professores de nível médio, docentes do ensino superior, advogados e jornalistas.


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