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Crescem uniões de mulheres mais velhas que os homens
Alta não muda padrão social, cuja tendência é homem se unir a mulher mais nova
Segundo o IBGE, relações em que mulheres são mais velhas cresceram 36% entre 1996 e 2006, mas elas ainda são apenas 21,5% do total
DA SUCURSAL DO RIO
Os tempos estão mudando a
favor das mulheres brasileiras,
mas de forma lenta, muito lenta. Um estudo divulgado ontem
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) revela que aumentou de 5,6 milhões para 7,7 milhões o número de uniões em que as mulheres são mais velhas do que os
homens -uma variação de 36%
de 1996 para 2006.
Esse crescimento, no entanto, ainda está longe de sinalizar
uma mudança no padrão da sociedade, em que homens tendem a se casar com mulheres
mais novas. No mesmo período, o número de uniões onde
eles são mais velhos do que elas
aumentou de 22,3 para 28 milhões, uma variação de 25%.
Levando em conta somente
as uniões onde havia diferença
de idade, entre 1996 e 2006, a
proporção de casais com mulheres mais velhas teve um aumento de 20,1% para 21,5%.
Outro dado da mesma pesquisa que indica que o padrão
de casamento com cônjuge
mais jovem continua predominantemente masculino é o diferencial de idade. No caso das
mulheres casadas com homens
mais jovens, em 65% dos casos
a diferença de idade é inferior a
quatro anos. Quando se analisa
a situação inversa -homens
mais velhos do que suas companheiras-, ocorre justamente
o contrário: a maioria (54%)
das uniões acontecia entre casais onde o homem era, no mínimo, quatro anos mais velho.
"Mostramos nesse estudo
que o crescimento no número
de uniões de pessoas com idades diferentes foi maior entre
os arranjos familiares onde as
mulheres são mais velhas. No
entanto, o modelo mais freqüente continua sendo o de homens casados com mulheres
mais novas, principalmente
quando a diferença de idade é
superior a dez anos", afirma a
economista Cristiane Soares,
técnica da coordenação de população e indicadores sociais
do IBGE.
No caso de mulheres ao menos dez anos mais velhas do
que seus companheiros, em
2006 havia 928 mil casais com
essas características. Na situação inversa (homens mais velhos com diferença superior a
dez anos de idade), esse número chegava a 5,5 milhões. Isso
significa que para cada união
em que as mulheres eram dez
anos mais velhas, havia pelo
menos cinco arranjos familiares em que os homens eram dez
anos mais velhos.
Renda
Além de apresentar novos
dados sobre uniões, o IBGE
também divulgou ontem um
estudo comparando o rendimento salarial de homens e
mulheres nas seis principais regiões metropolitanas do país
(Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belo Horizonte).
Com dados referentes a janeiro deste ano, os dados colhidos pelo IBGE mostram que,
mesmo tendo nível superior, as
mulheres recebiam, em média,
apenas 60% do rendimento verificado para homens com mesmo nível de escolaridade.
O estudo, no entanto, não levou em conta as ocupações profissionais de homens e mulheres na comparação. Os dados de
uma outra pesquisa feita pelo
IBGE, a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), mostram que, mesmo entre trabalhadores na mesma
profissão e com mesmo nível
de escolaridade, o diferencial
em salários costuma ser a favor
dos homens.
Entre médicos, 42% eram
mulheres em 2006. Levando
em conta uma jornada de 40
horas semanais, o rendimento
médio dos homens era de R$
5.669, 39% a mais do que o verificado para mulheres com mesma jornada (R$ 4.067).
Essa situação, sempre a favor
dos homens, se repete em outras carreiras profissionais com
exigência de nível superior, como arquitetos, dentistas, professores de nível médio, docentes do ensino superior, advogados e jornalistas.
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