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Rubens Brito e o mambembe quântico
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre um e outro cigarro
dos dois maços de Free que
fumava por dia, Rubens José
de Souza Brito escreveu uma
das histórias do teatro no
Brasil. Ao menos do teatro
mambembe, feito na rua, no
meio do povo, das "partículas
quânticas" dos jovens alunos
atores que ensinava.
Brito nasceu em Rio Claro
(SP) e passou a infância entre a fazenda e a igreja -a família era muito católica.
Chegou a cursar um ano de
engenharia, mas não levava
jeito. Queria é fazer teatro.
Formado na USP, atuou,
dirigiu e foi um dos fundadores
do Grupo de Teatro Mambembe, sob a batuta de Carlos Soffredini e estreando
"A Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e do Gordo
Sancho Pança".
Mas sua relação com o teatro brotava do contato com
os livros, e foi na academia
que ele trilhou sua carreira.
Fez mestrado e doutorado
-a tese foi sobre o teatro épico-dramático de Luís Alberto de Abreu. Na livre-docência na Unicamp, escreveu sobre a contribuição do grupo
Mambembe de teatro de rua.
Brito não gostava do "teatrão elizabetano", encerrado
entre quatro paredes. Por isso, há anos, sentia-se um pioneiro ao estudar o que considerava "teatro quântico" de
rua. Pois só na rua, diz a esposa, "é que tudo poderia
acontecer aleatoriamente,
no mesmo espaço e tempo".
Era essa mistura de teatro
e física que Brito trabalhava
nos alunos , à espera da "menor partícula de interpretação". Casado e pai de uma filha, morreu de derrame na
sexta, aos 57, em São Paulo.
Deixou na cabeceira da cama
o livro de Stephen Hawking.
obituario@folhasp.com.br
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