São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Rubens Brito e o mambembe quântico

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre um e outro cigarro dos dois maços de Free que fumava por dia, Rubens José de Souza Brito escreveu uma das histórias do teatro no Brasil. Ao menos do teatro mambembe, feito na rua, no meio do povo, das "partículas quânticas" dos jovens alunos atores que ensinava.
Brito nasceu em Rio Claro (SP) e passou a infância entre a fazenda e a igreja -a família era muito católica. Chegou a cursar um ano de engenharia, mas não levava jeito. Queria é fazer teatro.
Formado na USP, atuou, dirigiu e foi um dos fundadores do Grupo de Teatro Mambembe, sob a batuta de Carlos Soffredini e estreando "A Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança".
Mas sua relação com o teatro brotava do contato com os livros, e foi na academia que ele trilhou sua carreira. Fez mestrado e doutorado -a tese foi sobre o teatro épico-dramático de Luís Alberto de Abreu. Na livre-docência na Unicamp, escreveu sobre a contribuição do grupo Mambembe de teatro de rua.
Brito não gostava do "teatrão elizabetano", encerrado entre quatro paredes. Por isso, há anos, sentia-se um pioneiro ao estudar o que considerava "teatro quântico" de rua. Pois só na rua, diz a esposa, "é que tudo poderia acontecer aleatoriamente, no mesmo espaço e tempo".
Era essa mistura de teatro e física que Brito trabalhava nos alunos , à espera da "menor partícula de interpretação". Casado e pai de uma filha, morreu de derrame na sexta, aos 57, em São Paulo. Deixou na cabeceira da cama o livro de Stephen Hawking.


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