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Roupa com sangue é de pedreiro, diz tia
Cristiane Nardoni afirma que material não pertence ao pai de Isabella; polícia achou roupas no apartamento dela, vizinho ao dele
Segundo Cristiane, o pedreiro tinha acesso à chave do seu apartamento; defesa entrou ontem com pedido de habeas corpus
KLEBER TOMAZ
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cristiane Nardoni, 20, tia de
Isabella de Oliveira Nardoni, 5,
morta no dia 29 de março, afirma que as roupas com vestígios
de sangue que a polícia encontrou no apartamento dela não
são do seu irmão Alexandre
Nardoni, 29, pai da menina,
mas, sim, de um pedreiro que
fazia reforma no local.
O apartamento de Cristiane
fica ao lado do imóvel do irmão.
Alexandre e a mulher, a estudante Anna Carolina Jatobá,
24, estão presos desde a quinta-feira sob suspeita de participação na morte da menina.
Por telefone, Cristiane, que é
estudante de direito, afirmou
que o nome do pedreiro foi informado aos advogados do seu
irmão e da cunhada. Ela não
quis revelá-los à reportagem.
Segundo a estudante, além
do pedreiro, outras pessoas
participaram da reforma em
seu apartamento. "Tem gente
de pintura, o pedreiro, o eletricista. Quantas pessoas exatamente, eu não sei informar."
Cristiane disse ainda que o
pedreiro tinha acesso à chave
do seu apartamento na portaria
do prédio London, no Carandiru. Ela conta que essa mesma
equipe de funcionários fez a reforma do apartamento do seu
irmão -que morava no local
desde fevereiro deste ano com a
mulher e os dois filhos. Cristiane, que, a exemplo de Alexandre, ganhou o apartamento do
pai, disse que só pretendia se
mudar no próximo ano.
Ela contou ainda que, quando o apartamento do irmão ainda estava em obras, a chave do
imóvel também ficava na portaria à disposição dos funcionários da obra. Por isso, Cristiane
disse acreditar que a sua sobrinha tenha sido morta por uma
terceira pessoa, que ainda não
foi investigada pela polícia.
"Podem ter tirado um cópia
[da chave do apartamento dela
e do irmão]. Podem ter tirado e
passado a alguém. Não se sabe.
A gente não pode acusar sem
saber, mas é estranho."
As roupas foram localizadas
no final de semana. Peritos e os
policiais pediram as chaves do
apartamento 63 - o de Alexandre é 62- e encontraram mudas de roupas, com manchas
semelhantes a sangue, que desconfiavam ser do pai da vítima.
Cristiane diz que seu irmão
não foi a seu apartamento no
dia do crime. Ela também afirmou que ele tomou banho e
trocou de roupas na casa do pai.
Habeas corpus
Também ontem a defesa do
casal protocolou o pedido de
habeas corpus no Tribunal de
Justiça de São Paulo. A defesa
justificou o pedido alegando
que o fato de o casal acompanhar as investigações em liberdade não trará risco ao andamento do inquérito.
"Enquanto estiveram em liberdade, eles em nenhum momento criaram obstáculo para
a produção de provas, não coagiram testemunhas e estiveram
à disposição da polícia", disse o
advogado Marco Polo Levorin.
Os advogados também reforçaram a tese de que as roupas
achadas no apartamento de
Cristiane não pertencem ao pai
de Isabella. "Temos anunciado
nosso ideal de vermos investigadas algumas pessoas, e que
algumas pessoas prestem depoimentos na condição de testemunhas", disse Levorin, sem
apontar nomes.
A decisão sobre a liberação
do casal é aguardada pelos advogados de defesa para os próximos dois ou três dias.
O porteiro Valdomiro da Silva Veloso, que estava no prédio
no dia do crime, foi transferido.
Colaborou ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local
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