São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Roupa com sangue é de pedreiro, diz tia

Cristiane Nardoni afirma que material não pertence ao pai de Isabella; polícia achou roupas no apartamento dela, vizinho ao dele

Segundo Cristiane, o pedreiro tinha acesso à chave do seu apartamento; defesa entrou ontem com pedido de habeas corpus

KLEBER TOMAZ
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cristiane Nardoni, 20, tia de Isabella de Oliveira Nardoni, 5, morta no dia 29 de março, afirma que as roupas com vestígios de sangue que a polícia encontrou no apartamento dela não são do seu irmão Alexandre Nardoni, 29, pai da menina, mas, sim, de um pedreiro que fazia reforma no local.
O apartamento de Cristiane fica ao lado do imóvel do irmão.
Alexandre e a mulher, a estudante Anna Carolina Jatobá, 24, estão presos desde a quinta-feira sob suspeita de participação na morte da menina. Por telefone, Cristiane, que é estudante de direito, afirmou que o nome do pedreiro foi informado aos advogados do seu irmão e da cunhada. Ela não quis revelá-los à reportagem.
Segundo a estudante, além do pedreiro, outras pessoas participaram da reforma em seu apartamento. "Tem gente de pintura, o pedreiro, o eletricista. Quantas pessoas exatamente, eu não sei informar." Cristiane disse ainda que o pedreiro tinha acesso à chave do seu apartamento na portaria do prédio London, no Carandiru. Ela conta que essa mesma equipe de funcionários fez a reforma do apartamento do seu irmão -que morava no local desde fevereiro deste ano com a mulher e os dois filhos. Cristiane, que, a exemplo de Alexandre, ganhou o apartamento do pai, disse que só pretendia se mudar no próximo ano.
Ela contou ainda que, quando o apartamento do irmão ainda estava em obras, a chave do imóvel também ficava na portaria à disposição dos funcionários da obra. Por isso, Cristiane disse acreditar que a sua sobrinha tenha sido morta por uma terceira pessoa, que ainda não foi investigada pela polícia.
"Podem ter tirado um cópia [da chave do apartamento dela e do irmão]. Podem ter tirado e passado a alguém. Não se sabe.
A gente não pode acusar sem saber, mas é estranho."
As roupas foram localizadas no final de semana. Peritos e os policiais pediram as chaves do apartamento 63 - o de Alexandre é 62- e encontraram mudas de roupas, com manchas semelhantes a sangue, que desconfiavam ser do pai da vítima.
Cristiane diz que seu irmão não foi a seu apartamento no dia do crime. Ela também afirmou que ele tomou banho e trocou de roupas na casa do pai.

Habeas corpus
Também ontem a defesa do casal protocolou o pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo. A defesa justificou o pedido alegando que o fato de o casal acompanhar as investigações em liberdade não trará risco ao andamento do inquérito.
"Enquanto estiveram em liberdade, eles em nenhum momento criaram obstáculo para a produção de provas, não coagiram testemunhas e estiveram à disposição da polícia", disse o advogado Marco Polo Levorin.
Os advogados também reforçaram a tese de que as roupas achadas no apartamento de Cristiane não pertencem ao pai de Isabella. "Temos anunciado nosso ideal de vermos investigadas algumas pessoas, e que algumas pessoas prestem depoimentos na condição de testemunhas", disse Levorin, sem apontar nomes.
A decisão sobre a liberação do casal é aguardada pelos advogados de defesa para os próximos dois ou três dias.
O porteiro Valdomiro da Silva Veloso, que estava no prédio no dia do crime, foi transferido.


Colaborou ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local

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