DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O garoto Marcelo Pereira de Sousa, 9, filho do quadrinista Mauricio de Sousa, disse que "não dava nem para ver o céu" no cativeiro em São Sebastião (214 km de São Paulo) no qual passou 12 dos 18 dias de seqüestro, ao lado de sua mãe e do irmão de dois anos.
Ele contou ainda que ficava na cama o dia todo e que os seqüestradores "chegavam e mandavam a gente ficar quieto". "Às vezes, não tinha nada para comer", afirmou.

 

FOLHA - Eles deixavam você brincar?
MARCELO - Não. Ficava lá na cama 24 horas [por dia]. Só saía [do quarto] para ir à cozinha e ao banheiro.

FOLHA - Sentiu fome em algum momento?
MARCELO - Eu ficava [com fome], porque às vezes não tinha nada para comer.

FOLHA - O que eles davam para vocês comerem?
MARCELO - Arroz, feijão e salsicha. Minha mãe é quem tinha que fazer. Só que teve um dia que a salsicha acabou e só tinha arroz e feijão para comer.

FOLHA - Eles não deixavam vocês saírem de casa?
MARCELO - Não. Não dava nem para ver o céu.

FOLHA - Eles brigaram ou gritaram com vocês?
MARCELO - Sempre quando o Vitor chorava, eles chegavam e mandavam que ficasse quieto.

FOLHA - Você quer continuar morando aqui [chácara em São José dos Campos onde houve o seqüestro]?
MARCELO - Quero, mas minha mãe não quer. Mas tem que colocar segurança para a gente continuar morando aqui.

FOLHA - E agora você quer fazer o quê?
MARCELO - Quero jogar bola. Eu jogo de goleiro e de lateral-esquerdo. (MS e FA)


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