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Segundo vizinhos e irmã, assassino era tímido e estranho
Wellington Oliveira não tinha amigos e era viciado em
internet, afirmam; "Vivia no mundo dele", diz vizinha
Polícia constatou que, antes de sair de casa, o rapaz quebrou todos os eletrodomésticos e pôs fogo no computador
ELVIRA LOBATO
DO RIO
LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
"Ele estava sempre segurando firme nas alças da mochila, como se não soubesse
onde pôr as mãos. Andava
naquele passo "pisando em
nuvens", para cima e para
baixo, e nunca tirava os
olhos do chão". Assim, Flavio dos Santos, 27, lembrava-se de Wellington Menezes de
Oliveira, 23, o vizinho "esquisito, quietão e meio nerd".
O menino sempre foi quieto, quase invisível. No recreio
da escola, ficava sentado, sozinho, no meio da algazarra.
Os colegas que com ele
cursaram o ensino fundamental na Escola Municipal
Tasso da Silveira, entre 1999
e 2002, têm dificuldades para
falar sobre o menino Wellington. Quando se pergunta
por um amigo, a resposta
mais comum era: "Ele não tinha amigos". Namorada?
"Nunca pegou ninguém".
ÚNICO AMIGO
Um colega de escola, Diego Peterson, lembrou de um
único relacionamento: "Era
com um tal de Bruno, que era
fanho. Sempre andavam juntos e, quando a gente os chamava de "retardados", sorriam aquele sorriso amarelo."
"Mas eram brincadeiras
inocentes", diz o rapaz musculoso. Segundo o jovem,
Wellington nem jogava futebol, apesar do campinho na
frente da casa em que morava. "Só andava para cima e
para baixo com a mãe, que
ele amava", conta.
A mãe Dicéa Menezes de
Oliveira era Testemunha de
Jeová -a família frequentava
o salão da igreja que ficava
da mesma rua. Dicéa andava
pelo bairro todo oferecendo
as publicações do grupo religioso, e Wellington, filho
adotivo caçula, ia com ela.
ADOÇÃO
Dicéa tinha cinco filhos
biológicos quando Wellington chegou à casa 830 da rua
Jequitinhonha. "Foi uma festa. Wellington tinha três dias
de vida. A mãe verdadeira era
uma sobrinha do primeiro
marido de Dicéa, mas, como
tinha problemas mentais, entregou o filho para a Dicéa
criar. E ela criou como se fosse
dela", diz a vizinha de parede.
O ensino médio, que fez no
colégio Madre Tereza de Calcutá, também em Realengo,
Wellington viveu ainda na
sombra. Tirava boas notas,
nunca foi expulso de classe,
mas estava sempre calado.
Sumia entre os 50 alunos.
Até a irmã Rosilane, com
quem Wellington viveu até o
ano passado, achava-o diferente. "Era muito estranho
mesmo. Não era de sair. Vivia
no computador e não tinha
amigos", disse ela, ontem, à
Rádio BandNews FM.
"Quando não estava trabalhando, ficava trancado no
quarto, na frente do computador. A irmã tinha dificuldade para limpar o quarto dele.
Havia dias em que ele nem
comia", disse uma vizinha.
CABEÇA BAIXA
Desde outubro, depois que
a mãe adotiva morreu de enfarte, o jovem vivia isolado
em uma casa em Sepetiba, na
zona oeste do Rio. Na segunda-feira passada, foi visto caminhando, em Realengo, pelas ruas próximas à Escola
Municipal Tasso de Oliveira.
Segundo moradores, ele estava vestido de preto e caminhava de cabeça baixa.
Wellington estava desempregado desde agosto de
2010. Ele trabalhou por dois
anos no almoxarifado da indústria de alimentos Rica, de
onde foi demitido por falta de
produtividade, segundo a
empresa. No trabalho, também não fez amigos.
A casa de Sepetiba -ao
sair para o massacre, o rapaz
quebrou todos os eletrodomésticos do local e pôs fogo
no computador- fica bem
em frente a uma escola pública estadual, um Ciep.
O diretor do colégio, Edmilson da Silva, afirmou que
nunca temeu o comportamento do vizinho. "Parecia
um rapaz tranquilo."
Colaboraram CIRILO JÚNIOR, CRISTINA
CASTRO e FERNANDO MAGALHÃES
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