São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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FLÁVIO ALCARAZ GOMES (1927-2011)

Jornalista de carreira tempestuosa

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Com coberturas de Copas do Mundo e de guerras no currículo, Flávio Alcaraz Gomes, cuja formação era em direito, tornou-se um nome popular na imprensa gaúcha.
Natural de Porto Alegre, ele era neto de um dos primeiros diretores do "Correio do Povo". No início da carreira, Flávio foi repórter de polícia na "Folha da Tarde".
Passaria ainda pelo jornal que o avô dirigira e, em 1957, quando a rádio Guaíba foi fundada, assumiu como diretor comercial da emissora.
Em 1958, cobriu o primeiro título mundial do Brasil no futebol, na Suécia -trabalhou ainda no tri brasileiro no México, em 1970. Na década de 60, esteve na guerra do Vietnã e na dos Seis Dias.
Mas sua carreira foi tempestuosa, como já disse em entrevista. Em 1976, ao voltar para casa com a mulher, notou um carro parado na rua. Desconfiado, pegou a espingarda e foi ver o que era. Na abordagem aos passageiros, disparou. Tratava-se de um jovem casal, que namorava. A moça, ferida, morreu.
Segundo a filha, Laura, jornalista, o pai tinha absoluta certeza de que o episódio fora algo acidental. Flávio foi condenado a dez anos de prisão. Ficou dois anos na cadeia, lembra a filha. Da cela, escrevia para o "Zero Hora" e fazia um programa de rádio.
Em 1983, na prisão, usou o gravador para registrar torturas. Pôs tudo no ar, e o caso teve repercussão internacional. Dizia, assim, ter pagado sua dívida com a sociedade.
Aos 83 anos, ainda apresentava programas na rádio e na TV. Só parou há dois meses. Na terça, morreu devido a uma pneumonia. Deixa viúva, dois filhos e quatro netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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