DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

É sobre uma maca da emergência do Instituto José Frota, o maior hospital público do Ceará, que José Raimundo da Silva, 52, em coma há quatro dias, recebia, pelo menos até a tarde de ontem, atendimento. Ele sofreu traumatismo craniano após um acidente de moto, no domingo.
Como outros pacientes do hospital, Silva vive no interior do Estado, onde não existe infra-estrutura adequada para internações de casos mais graves.
Por esse motivo, o filho dele, Raimundo Dantas, 28, o levou para Fortaleza.
Silva só pôde chegar à emergência do IJF, um estágio ainda muito distante do leito de UTI, onde deveria estar recebendo atenção médica em tempo integral, como afirma o diretor do hospital, Marcos Alves.
Ele não havia sido encaminhado para a UTI porque todas as 21 vagas estavam ocupadas e porque ainda poderia sobreviver sem aparelhos mais sofisticados.
Dantas está desde domingo com o pai. "Eu entendo que tem muita gente do mesmo jeito que ele, mas devia ter vaga para todos."
Na emergência, Silva recebia medicamentos e tinha mãos e pernas amarradas, para não se ferir. Desde que foi internado, no domingo, não fala nem se mexe.


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