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AMBIENTE
Cetesb diz que medida é preventiva, mas não descarta a possibilidade de migração dos contaminantes da favela Paraguai
CDP e shopping terão de ser investigados
JOÃO CARLOS SILVA
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Por determinação da Cetesb
(agência ambiental do governo
paulista), a Sabesp terá de realizar
a investigação do subsolo no Centro de Detenção Provisória (CDP)
e no Central Plaza Shopping, vizinhos à favela Paraguai, na Vila
Prudente (zona leste de SP).
O terreno da favela, que pertence à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo) desde 1980, está contaminado por metano, areia de fundição e borras oleosas que contêm
substâncias tóxicas e cancerígenas acima dos limites permitidos.
A poluição também atingiu as
águas subterrâneas do local, onde, segundo o Censo do IBGE, oito domicílios se abastecem por
meio de poços ou nascentes.
A agência ambiental sustenta
que a ampliação da investigação é
uma medida de prevenção, mas
não descarta totalmente a possibilidade de parte dos contaminantes ter migrado pelo subsolo em
direção ao CDP e ao shopping.
O maior risco, nesses dois casos,
é o de facilitação de incêndios e,
em situação extrema, de explosões, uma vez que o metano e os
compostos que formam as borras
oleosas são inflamáveis.
Segundo o relatório da empresa
Geoclock, contratada pela Sabesp
para fazer a avaliação do local,
existem três pontos próximos à
divisa com o shopping onde há altas concentrações de metano.
O CDP, por sua vez, fica no
meio de uma área onde há substâncias como benzeno, tolueno e
xileno (tóxicas), embora elas não
estejam em altas concentrações.
A ampliação das investigações
deve ocorrer até o fim do ano, segundo João Antonio Romano, gerente da Cetesb para a região.
"No caso do shopping, já fizemos medições em poços da rede
elétrica e de água, mas não encontramos metano. No caso do CDP,
fizemos medições bem próximas
à muralha, e os resultados também foram negativo. Mas só podemos dizer que não há risco depois que forem perfurados poços
de monitoramento nesses locais",
afirma Elton Gloeden, assessor da
presidência da agência ambiental.
Em documento datado de 27 de
janeiro, os responsáveis pela área
de emergências da Cetesb afirmam que a Sabesp havia se comprometido a pedir autorização às
administrações dos dois locais,
para entrar e perfurar os poços.
Segundo a assessoria de imprensa do Central Plaza, porém, a
administração do shopping, que
ocupa 100 mil m2, não foi notificada de nenhuma possibilidade de
contaminação no terreno.
Já a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária afirmou ter conhecimento de que seriam feitas sondagens no subsolo
do CDP, mas não informou se elas
já haviam começado e disse não
saber de eventuais resultados.
"Se houvesse metano no terreno [do shopping", quando foram
feitas as fundações, isso teria aparecido e o problema teria sido relatado", defende Romano. No caso do conjunto Barão de Mauá
(Grande SP), porém, edifícios residenciais foram construídos sobre um antigo lixão, onde havia
metano e gases tóxicos, mas isso
não foi informado às autoridades,
que só descobriram o problema
depois de uma explosão.
Responsabilidade
Responsável legal pela área contaminada da favela Paraguai, a Sabesp não dá declarações sobre o
problema desde segunda-feira
porque, segundo sua assessoria
de imprensa, o governo estadual
decidiu que somente a Secretaria
de Estado do Meio Ambiente se
manifestaria sobre o caso.
A empresa de saneamento terá
de assumir as consequências, no
entanto, perante a população,
afirma o promotor do Meio Ambiente Carlos Alberto de Sales,
que preside o inquérito do caso.
"Nossa função não é só garantir
a solução da questão ambiental.
Se for o caso, a Sabesp terá de indenizar as pessoas que vivem na
favela. Não importa se a ocupação
é irregular porque a responsabilidade por impedir que ela ocorresse era da empresa, principalmente depois do último incêndio [em
dezembro, quando 300 barracos
foram destruídos"", disse.
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