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Advogada enfrenta via-crúcis para doar duas carabinas à PF
Deborah Ronconi doou duas armas no ano passado, mas ficou sem o dinheiro
Polícia Federal afirma que o
mal-entendido foi um caso
isolado; as entregas de
armas podem ser feitas em
delegacias descentralizadas
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Fazer o que o governo sempre pregou - desarmar-se-
pode não ser tão fácil quanto se
imagina.
É o que se conclui da experiência da advogada Deborah
Ronconi, ex-policial militar
que enfrentou uma saga no final do ano passado para conseguir doar duas carabinas de caça que tinha à campanha do desarmamento, realizada desde
2003 em nível nacional.
Como já não praticava tiro,Deborah decidiu se livrar
das armas e até ganhar um dinheiro, já que a Polícia Federal
oferece R$ 200 por carabina
entregue. Contudo, não sabia
que enfrentaria as burocracias
da PF e que, após meses, ainda
estaria esperando o dinheiro.
Ela tinha o registro das armas, mas precisava de uma autorização da PF para transportá-las. A guia foi impressa,
constando como endereço de
destino a unidade da polícia do
aeroporto de Guarulhos (Grande SP), cidade onde mora a advogada. Sem o documento, se
fosse pega, poderia ser considerada criminosa por porte ilegal.
Ao ligar para o posto da PF,
foi informada de que, diferentemente do que consta no site,
a unidade não recebia armas.
Indignada em ter que se deslocar até outra cidade, entrou
no site da PF para alterar o endereço de sua guia de entrega,
mas descobriu que isso não era
possível. Tampouco conseguiu
fazê-lo telefonando à sede da
Polícia Federal na Lapa, zona
oeste de São Paulo, já que o setor responsável não atendia telefonemas, conta.
"É um desserviço, desestimula as pessoas a doarem. Se
há uma campanha, é preciso facilitar a entrega. Tive que me
deslocar até a Lapa só para fazer a guia. Paguei R$ 30 de estacionamento. Depois tive que
voltar com as armas", diz.
Apesar de todos os inconvenientes e de não ter recebido
ainda o valor prometido, Deborah apoia a entrega de armas.
"Acho que, em geral, as pessoas devem entregar, pois é
preciso estar muito preparado
psicologicamente para ter uma
arma", afirma.
Outro lado
Segundo a PF, tratou-se de
um caso isolado, no período de
maior movimento, porque se
encerrariam as renovações de
registro. "Todo o efetivo estava
atendendo ao público presente,
impossibilitando um melhor
atendimento telefônico naquele momento", informou a PF.
O órgão diz que o atendimento
foi descentralizado, de modo que
o cidadão poderá fazer as entregas na sede em SP e em qualquer
delegacia descentralizada do interior, litoral e de aeroportos.
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