São Paulo, sexta-feira, 08 de maio de 2009

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Advogada enfrenta via-crúcis para doar duas carabinas à PF

Deborah Ronconi doou duas armas no ano passado, mas ficou sem o dinheiro

Polícia Federal afirma que o mal-entendido foi um caso isolado; as entregas de armas podem ser feitas em delegacias descentralizadas


MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Fazer o que o governo sempre pregou - desarmar-se- pode não ser tão fácil quanto se imagina.
É o que se conclui da experiência da advogada Deborah Ronconi, ex-policial militar que enfrentou uma saga no final do ano passado para conseguir doar duas carabinas de caça que tinha à campanha do desarmamento, realizada desde 2003 em nível nacional.
Como já não praticava tiro,Deborah decidiu se livrar das armas e até ganhar um dinheiro, já que a Polícia Federal oferece R$ 200 por carabina entregue. Contudo, não sabia que enfrentaria as burocracias da PF e que, após meses, ainda estaria esperando o dinheiro.
Ela tinha o registro das armas, mas precisava de uma autorização da PF para transportá-las. A guia foi impressa, constando como endereço de destino a unidade da polícia do aeroporto de Guarulhos (Grande SP), cidade onde mora a advogada. Sem o documento, se fosse pega, poderia ser considerada criminosa por porte ilegal.
Ao ligar para o posto da PF, foi informada de que, diferentemente do que consta no site, a unidade não recebia armas.
Indignada em ter que se deslocar até outra cidade, entrou no site da PF para alterar o endereço de sua guia de entrega, mas descobriu que isso não era possível. Tampouco conseguiu fazê-lo telefonando à sede da Polícia Federal na Lapa, zona oeste de São Paulo, já que o setor responsável não atendia telefonemas, conta.
"É um desserviço, desestimula as pessoas a doarem. Se há uma campanha, é preciso facilitar a entrega. Tive que me deslocar até a Lapa só para fazer a guia. Paguei R$ 30 de estacionamento. Depois tive que voltar com as armas", diz.
Apesar de todos os inconvenientes e de não ter recebido ainda o valor prometido, Deborah apoia a entrega de armas.
"Acho que, em geral, as pessoas devem entregar, pois é preciso estar muito preparado psicologicamente para ter uma arma", afirma.

Outro lado
Segundo a PF, tratou-se de um caso isolado, no período de maior movimento, porque se encerrariam as renovações de registro. "Todo o efetivo estava atendendo ao público presente, impossibilitando um melhor atendimento telefônico naquele momento", informou a PF.
O órgão diz que o atendimento foi descentralizado, de modo que o cidadão poderá fazer as entregas na sede em SP e em qualquer delegacia descentralizada do interior, litoral e de aeroportos.


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