ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Por um bom tempo, a turma toda achou que Emerson Macedo, o Gus, havia mesmo visto o show da banda inglesa Echo & The Bunnymen no Brasil, em 1987. Só ouviu. A Carlos, baterista com quem tocava em uma banda em Curitiba (PR), ele confidenciou que chegou a ir ao local do show, mas não conseguiu ingresso, tendo que se contentar em ouvir, de fora, o pouco do som que vazava.
Sua outra decepção era não ter visto o New Order no país. Fã de rock inglês e de folk, Gus era uma "enciclopédia da música", diz Hil Wiest, tecladista do grupo Candyman Club, do qual ele era baixista. O primeiro instrumento que ganhou foi uma bateria, lembra a irmã Ariane. Depois migrou para violão, guitarra e, por fim, baixo.
Dizia ter dois sonhos na vida: o primeiro, viver de música. O segundo, transferir seu "legado musical" a alguém. Formado em jornalismo, Gus era vendedor de CDs numa livraria de Curitiba. Se não havia ainda realizado o primeiro desejo, o segundo, ele considerava feito: ensinara ao sobrinho os primeiros acordes no violão. Fanático por vinis, "fazia a banda se superar", insistindo para que tocassem músicas difíceis, afirma Carlos.
Tinha doença de Crohn (inflamação crônica do intestino) e morreu na última segunda-feira, aos 38 anos, após complicações decorrentes de uma cirurgia. Não teve filhos. A missa de sétimo dia será na segunda-feira, às 19h, na paróquia São José Capão Raso, em Curitiba.
obituario@grupofolha.com.br


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