São Paulo, sábado, 08 de maio de 2010

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Tráfico isola escola interditada na Rocinha

Secretaria Municipal de Educação tentou, sob ameaças de traficantes, retirar equipamentos da unidade por duas vezes

Escola integra programa da prefeitura que tem o intuito de melhorar o desempenho acadêmico nas regiões mais carentes e violentas do Rio

DENISE MENCHEN
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

Interditada desde os temporais que atingiram o Rio no início de abril, a escola municipal Abelardo Barbosa, na Rocinha (zona sul), foi isolada por criminosos armados que impedem o acesso da Secretaria Municipal de Educação à unidade.
Desde a interdição, funcionários da pasta fizeram ao menos duas tentativas de retirar equipamentos do local, mas foram barrados por traficantes.
A escola fica na comunidade de Laboriaux, cuja remoção foi anunciada pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) após a tragédia que deixou 68 mortos na cidade. O Laboriaux registrou duas mortes.
Procurada, a Secretaria Municipal de Educação não se manifestou sobre a impossibilidade de acessar o local. A Folha apurou que criminosos impedem o órgão de remover computadores, carteiras e outros materiais da escola.
Após a interdição, a primeira tentativa de retirar os equipamentos foi feita com um caminhão. O veículo foi barrado por cerca de 20 homens armados e obrigado a retornar.
Anteontem, duas funcionárias da secretaria também foram ameaçadas no local.
A escola, com 307 alunos, faz parte do programa Escolas do Amanhã, da prefeitura, que visa melhorar o desempenho dos estudantes de áreas carentes e violentas. Em um turno são ministradas as aulas regulares; no outro, oficinas, reforço escolar e atividades esportivas.
Em nota, a secretaria informou que, desde 20 de abril, os alunos frequentam a escola municipal Camilo Castelo Branco, no Horto (zona sul), que não integra o programa.
O órgão disse ainda que a escola do Laboriaux "foi desativada por medida de segurança, após laudo técnico da Geo-Rio [órgão municipal que cuida das encostas] que condenou todas as construções na região".
O laudo, de 12 de abril, diz que "o avanço da favelização tem representado um desequilíbrio nas condições geotécnicas e ambientais da encosta", justificando " a remoção de todas as casas em risco". Os moradores são contra a remoção.


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