|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tráfico isola escola interditada na Rocinha
Secretaria Municipal de Educação tentou, sob ameaças de traficantes, retirar equipamentos da unidade por duas vezes
Escola integra programa da prefeitura que tem o intuito de melhorar o desempenho acadêmico nas regiões mais carentes e violentas do Rio
DENISE MENCHEN
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Interditada desde os temporais que atingiram o Rio no início de abril, a escola municipal
Abelardo Barbosa, na Rocinha
(zona sul), foi isolada por criminosos armados que impedem o
acesso da Secretaria Municipal
de Educação à unidade.
Desde a interdição, funcionários da pasta fizeram ao menos
duas tentativas de retirar equipamentos do local, mas foram
barrados por traficantes.
A escola fica na comunidade
de Laboriaux, cuja remoção foi
anunciada pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) após a tragédia que deixou 68 mortos na cidade. O Laboriaux registrou
duas mortes.
Procurada, a Secretaria Municipal de Educação não se manifestou sobre a impossibilidade de acessar o local. A Folha
apurou que criminosos impedem o órgão de remover computadores, carteiras e outros
materiais da escola.
Após a interdição, a primeira
tentativa de retirar os equipamentos foi feita com um caminhão. O veículo foi barrado por
cerca de 20 homens armados e
obrigado a retornar.
Anteontem, duas funcionárias da secretaria também foram ameaçadas no local.
A escola, com 307 alunos, faz
parte do programa Escolas do
Amanhã, da prefeitura, que visa melhorar o desempenho dos
estudantes de áreas carentes e
violentas. Em um turno são ministradas as aulas regulares; no
outro, oficinas, reforço escolar
e atividades esportivas.
Em nota, a secretaria informou que, desde 20 de abril, os
alunos frequentam a escola
municipal Camilo Castelo
Branco, no Horto (zona sul),
que não integra o programa.
O órgão disse ainda que a escola do Laboriaux "foi desativada por medida de segurança,
após laudo técnico da Geo-Rio
[órgão municipal que cuida das
encostas] que condenou todas
as construções na região".
O laudo, de 12 de abril, diz
que "o avanço da favelização
tem representado um desequilíbrio nas condições geotécnicas e ambientais da encosta",
justificando " a remoção de todas as casas em risco". Os moradores são contra a remoção.
Texto Anterior: Vacinação para gripe comum começa hoje em três regiões Próximo Texto: Professores da rede municipal terão aumento salarial de 28% Índice
|