São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011

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Guarda-costa 'armário' dá lugar a agente discreto

Segurança com formação diferenciada é preferência de executivos e VIPs

Setor em expansão desde a década de 1990, Brasil conta hoje com 5.000 seguranças privados cadastrados

ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO

Sai de cena o brutamontes, aquele guarda-costas tipo "armário", que se impõe pelo porte e vigor físico. Assume o posto um agente discreto, com boa formação, bilíngue e salário de R$ 12 mil por mês.
A demanda por novos perfis de profissionais é ditada por um setor que se modernizou. "O mercado ficou mais exigente e o segurança precisou evoluir para acompanhar os novos tempos", afirma José Jacobson Neto, diretor do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de SP (Sesvesp).
Não basta exibir os cursos de formação exigidos por lei, portar arma e fazer cara feia.
"Quem protege VIPs ou executivos está num ambiente cercado de tecnologia, como câmeras e sensores, e tem de estar familiarizado com os equipamentos sofisticados e ter noções de TI [tecnologia da informação]", completa o diretor do Sesvesp.

EM INGLÊS
João Fernando Rossler, 53, viu seu passe valorizar no mercado pelo fato de falar inglês e espanhol e ter feito cursos nos Estados Unidos.
"O leão de chácara está em baixa", diz ele, que faz escolta para um alto executivo. "Cerca de 60% dos meus clientes são estrangeiros e querem um segurança bilíngue."
O nicho dos superagentes está em expansão desde o final dos anos 1990, quando a segurança empresarial do tipo mais técnica e estratégica floresceu no país.
Em todo o Brasil, estão habilitados para segurança pessoal privada cerca de 5.000 profissionais, dos quais 2.000 atuam em São Paulo, de acordo com o sindicato patronal. "Fora clandestinos e policiais que fazem bico como segurança, o que é proibido por lei", afirma Neto.
Para obter o registro, o vigilante deve fazer cursos de formação e especialização exigidos pela Polícia Federal.
"Antigamente, o segurança pessoal tinha que ser excelente atirador, lutador e motorista. Hoje, esses são requisitos básicos", constata Clayton Magno, da G7, consultoria especializada em vigilância e treinamento.
Entre as novas qualificações requeridas por uma clientela que paga entre R$ 3,5 mil e R$ 12 mil por um guarda-costas estão conhecimentos de enfermagem e domínio de tecnologias de proteção, como blindagem (leia mais no quadro ao lado).

IMAGEM
Demandas específicas dependem do cliente e do grau de risco. No caso de celebridades, a regra é: menos músculos, mais inteligência.
"A truculência pode resultar em dano de imagem para o VIP", explica Kaiser Santos, 40, gerente da ZCops, empresa que cuida de jogadores, entre eles Roberto Carlos, ex-Corinthians. "É o tipo de cliente que quer proteção física e também da própria imagem", afirma.


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