São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997.



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PLÁSTICA DIVINA
Artista brasileiro abandona a tradicional expressão de sofrimento por sensibilidade e glória
Crucifixo já traz a nova imagem de Jesus

da Reportagem Local

Um crucifixo criado por Cláudio Pastro, onde Cristo aparece ressuscitado vestindo uma túnica longa e com os braços estendidos, foi adotado pelo Celam, Conselho Episcopal Latino-Americano. O Celam reúne os bispos da América Latina e é uma espécie de Vaticano para o continente.
O novo crucifixo já vem sendo usado há dois anos nas publicações do conselho que se referem ao Terceiro Milênio.
A cruz de Pastro tem os quatro lados equidistantes e a cabeça de Cristo ocupa seu centro. O Cristo morto, semidespido, com a cabeça caída e expressão de sofrimento, é substituído por um "Cristo vivo, ressuscitado, que mantém apenas o olhos cerrados", afirma o artista.
Um cordeiro, no alto da cruz, simboliza o sacrifício. "Cláudio Pastro criou a imagem de um Cristo glorioso e sensível", afirma monsenhor Christian Precht Bañado, secretário-adjunto do Celam em Bogotá, na Colômbia.
Segundo o monsenhor, Pastro é o artista que vem recuperando o sentido estético da religião, deixado de lado com o Concílio Vaticano 2º. "A estética na igreja está retomando seu lugar graças a ele."
Para Pastro, a cruz que escolheu é a cósmica ou grega, com os lados iguais e a cabeça do Cristo no meio, representando o centro do universo. "A outra cruz, aquela com a haste inferior mais longa, é a cruz latina, a cruz da morte."
O crucifixo foi feito em 1994. Segundo Bañado, esse "Cristo glorioso mesmo na cruz" era comum na arte religiosa do primeiro milênio. O trabalho original de Pastro tem 40 cm por 40 cm e foi batizado de Pax Vobis, que quer dizer "a paz vou dou". Os traços do rosto do Cristo desse crucifixo são os mesmos das pinturas de Pastro.
(AURELIANO BIANCARELLI)



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