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GREVE NAS UNIVERSIDADES
Marcovitch e quatro funcionários estão dormindo na reitoria para manter os serviços básicos
Piquetes param administração da USP
ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os piquetes dos funcionários da
USP que bloquearam a reitoria
anteontem conseguiram paralisar
a administração central da universidade.
Dos 700 funcionários da reitoria, trabalharam no prédio, ontem, o reitor Jacques Marcovitch,
o diretor de recursos humanos
Gilberto Shinyashiki, uma telefonista e duas assessoras. Eles escaparam dos piquetes porque estão
praticamente acampados na reitoria e vêm dormindo no prédio.
O primeiro e segundo escalões
da universidade foram espalhados em gabinetes emprestados de
outros órgãos pelo campus ou estão trabalhando em casa.
Os setores de administração do
campus, comunicação, finanças,
folha de pagamentos, assuntos
acadêmicos, informática e as pró-reitorias de graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão estão
parados. Limpeza e segurança são
terceirizados e foram mantidos.
Segundo Shinyashiki, não foram afetados manutenção e pagamentos de fornecedores do Hospital Universitário, pagamentos
de água, luz e telefone e pagamento dos salários, que foi o estopim
da radicalização dos piquetes.
Na segunda-feira, os funcionários recuaram os piquetes que vinham fazendo e permitiram a entrada de técnicos para processar a
folha de pagamentos. Entretanto,
anteontem, a USP depositou os
salários de maio, mas descontou
os dias em greve. Houve funcionários e professores com cortes de
até 80%.
No mesmo dia, os piquetes voltaram e com muito mais força.
Criou-se um impasse: os grevistas
querem avanços na negociação
para desbloquear, mas Marcovitch diz que não negocia enquanto houver piquetes.
Apenas funcionários e estudantes se revezam 24 horas por dia
nos piquetes. Os professores não
participam.
A Adusp (sindicato dos professores) não comenta o bloqueio e
apenas diz que não participa porque é uma forma de luta adotada
historicamente pelos funcionários, e os professores tradicionalmente não fazem piquetes. O presidente da Adusp, Marcos Magalhães, critica o reitor.
"Isso é só um meio de chantagear. Ele arrumou um pretexto
para evitar a negociação. Já fizemos outra reunião mesmo com
piquete", disse Magalhães.
Em assembléia ontem, os funcionários votaram pela continuidade da greve e dos piquetes. Eles
querem também a devolução dos
descontos feitos. "Isso é apenas
uma reação à postura intransigente do reitor", disse o diretor do
Sintusp (sindicato dos funcionários) Magno de Carvalho.
No meio do impasse, o prédio
cercado se transformou em símbolo da queda-de-braço.
"O piquete é importante frente
ao poder da administração central", disse o sindicalista.
De dentro da reitoria, o diretor
de recursos humanos responde:
"Não íamos deixar a reitoria.
Queremos manter um ponto de
referência para as pessoas que
procuram, por telefone, a direção
da universidade."
Enquanto isso, novos contratos
de pesquisa deixam de ser feitos,
diplomas não são emitidos, pedidos de férias, aposentadorias e licenças médicas não são analisados e até as bolsas de 3.500 dos 24
mil alunos da pós-graduação não
foram pagas.
São alunos do mestrado (bolsa
de R$ 730) e do doutorado (R$
1.070) financiados pelas Capes
(agência de fomento federal), que
repassa a verba para a reitoria,
que, por falta de pessoal, não depositou o dinheiro na conta dos
bolsistas.
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