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IBGE
Estudo divulgado ontem abrange a população de jovens de 15 a 24 anos e usa dados coletados pelo censo em 80 e em 91
Cresce número dos que se definem negros
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Estudo sobre a população de jovens de 15 a 24 anos no Brasil, divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que na década
de 90, em comparação com a anterior, aumentou o número dos
que se dizem negros.
De acordo com uma das coordenadoras da pesquisa, Nilza de
Oliveira Martins Pereira, em 1980
os brancos eram 54,7% da população nessa faixa etária e os negros, 44,8%, enquanto em 1991 os
negros passam a 50,5% e os brancos, a 49,2%.
"Essa situação se deve ao trabalho de conscientização de movimentos negros, que acompanharam o censo de 1991. Como no
censo quem define a cor é o entrevistado, e não o entrevistador, na
última pesquisa mais pessoas se
definiram como negras."
Ela indicou ainda outro fator
para esse aumento. "Com a miscigenação, mais pessoas passaram a
se declarar pardas, incluindo-se
no grupo de negros, que engloba
pretos e pardos."
O trabalho mostra ainda que,
enquanto a população de jovens
brancos de 15 a 24 anos cresceu a
um ritmo de apenas 0,2% ao ano,
a de negros nessa idade cresceu a
uma taxa média de 2,3%, entre
1980 e 1991.
Segundo a pesquisadora, apesar
de a mulher negra ter sido a principal colaboradora para o declínio
da fecundidade na década de 80,
ela ainda tem, em média, mais filhos do que as brancas.
"As brancas, que antes tinham
três filhos, passaram a ter dois, e
as negras diminuíram a prole de
cinco para três", complementou o
outro coordenador do relatório,
Juarez de Castro Oliveira.
Oliveira afirmou que o crescimento da população jovem está
passando por um processo de desaceleração, embora os números
absolutos venham aumentando
-eram cerca de 25 milhões em
1980 e 31 milhões em 1996.
"Entre 2005 e 2010, a taxa de
crescimento desse grupo, importante por pressionar a economia,
criando postos de trabalho, se estabilizará, possibilitando melhor
planejamento nas áreas de saúde
e educação."
O estudo ainda aponta o aumento do número de adolescentes e adultos com idade entre 15 e
24 anos, tanto negros quanto
brancos, nas regiões metropolitanas, sendo a maior concentração
na região sudeste (41,3% em
1996). As migrações são as principais responsáveis pelo fato.
Os dados também revelam que
as mulheres dessa faixa etária somavam, em 1995, cerca de 14,3
milhões. Desse grupo, 52% estavam no mercado de trabalho.
O estudo indica que as mulheres
jovens apresentam índices mais
favoráveis do que os homens no
item educação, não só quanto ao
número de estudantes como também na proporção de alfabetizados e daqueles que apresentam
curso superior.
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