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CPI requisitou antecedentes de 33 advogados
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A CPI do Tráfico de Armas
pediu à polícia de São Paulo informações sobre os antecedentes criminais de 33 advogados
que teriam algum tipo de ligação com membros da facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo informou o sub-relator da CPI,
deputado Raul Jungmann
(PPS-PE).
A lista, juntamente com uma
relação de visitas feitas por alguns advogados aos presos, foi
entregue anteontem por Jungmann (PPS-PE) à presidência
nacional da OAB.
O deputado disse também
que na próxima terça-feira os
parlamentares que atuam na
CPI vão decidir se solicitam à
Justiça a quebra dos sigilos
bancário, telefônico e fiscal de
todos os advogados ou de pelo
menos parte deles.
De acordo com o levantamento, alguns defensores visitam detentos com os quais não
têm relação contratual. "Por
que ir ver o cliente e depois sair
conversando com outros presos?", questiona o deputado.
A seccional São Paulo da Ordem vai instaurar procedimento no tribunal de ética da entidade para investigar a relação
dos advogados com os integrantes do PCC.
Segundo o presidente da
OAB-SP, Luiz Flávio Borges
D'Urso, caso seja considerado
culpado o advogado pode ser
punido com censura ou até
mesmo expulsão da ordem. O
processo na OAB deve durar
cerca de seis meses.
Já o presidente do conselho
da Acrimesp (Associação dos
Advogados Criminalistas de
São Paulo), Ademar Gomes,
disse repudiar a divulgação da
lista com a identificação dos
advogados suspeitos. "Não se
pode divulgar nomes de profissionais pelo simples fato de advogarem para pessoas envolvidas no crime." Gomes declarou
ser favorável à investigação,
mas defende que os nomes só
devem ser divulgados caso seja
comprovado o envolvimento
do profissional com o crime.
A reportagem conversou
com uma advogada que pediu
para não ter seu nome divulgado. Ela fez mais de cem visitas
de janeiro a maio deste ano a diversos presos ligados ao PCC.
Segundo o levantamento, a
profissional visitou Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, no mês de janeiro na penitenciária de Avaré, mesmo sem
ser sua advogada. De acordo
com ela, a visita foi feita a pedido da mulher do preso, que
queria saber se ele estava bem.
Questionada se tem alguma
relação com o PCC, a advogada
respondeu: "Nem sei o que é isso. Não faço parte do crime,
converso com meus clientes
apenas sobre seus processos".
Marco Antônio Arantes de
Paiva, que segundo o levantamento fez 89 visitas a presos,
também negou relação com a
facção criminosa. "Tenho 136
clientes. Não posso falar com
eles pelo telefone, tenho que ir
até os presídios", afirmou ele,
que disse ter justificativa legal
para todas as visitas aos presídios. Ele não quis comentar se
defende membros do PCC "por
questão de ética profissional".
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