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SAÚDE / CIRURGIA ROBÓTICA
Robô já realiza cirurgias de próstata e endometriose
A aposta é que o Da Vinci auxilie em todas as operações feitas por laparoscopia
Equipamento é a segunda geração robótica no país; alto custo e falta de profissionais treinados são desvantagens
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
As cirurgias de próstata e de
endometriose realizadas desde
o último mês de março em São
Paulo com o auxílio do robô Da
Vinci indicam a nova tendência
que se afigura nos procedimentos minimamente invasivos.
O Da Vinci é a segunda geração robótica a entrar no país e
poderá tornar mais seguras e
simples operações complexas,
principalmente as feitas por laparoscopia -com pequenos
orifícios no abdômen.
A primeira geração foi o braço cirúrgico Aesop, importado
na década de 90, usado como
auxiliar para movimentação da
câmera laparoscópica.
De acordo com médicos ouvidos pela Folha, o novo robô
abre o leque de opções e possibilita operações à distância.
Mas os preços ainda superiores
à laparoscopia e cirurgias tradicionais e a escassez de médicos
treinados na utilização dessas
ferramentas no país são empecilhos à sua utilização de forma
abrangente.
Para Paulo Chapchap, superintendente de Desenvolvimento do Hospital Sírio-Libanês, as evoluções são várias.
Uma delas diz respeito à capacidade de os braços do Da Vinci
imitarem o movimento humano. O cirurgião controla o equipamento por meio de um "console", onde realiza os movimentos e vê imagens em três
dimensões. Na laparoscopia
tradicional, a tela só apresenta
imagens em duas dimensões.
"O robô acopla grandes auxílios ao cirurgião e vem facilitar
a cirurgia laparoscópica. Além
disso, tem a vantagem de não
tremer", afirma.
No hospital representado
por Chapchap, o Sírio-Libanês,
foi realizada no mês de maio a
primeira cirurgia de endometriose no intestino no mundo
com robô, de acordo com a entidade. A doença ocorre quando o endométrio, a parede que
reveste o útero, aparece de forma deslocada. No caso, colada à
parede do intestino.
Como os movimentos feitos
pelo médico no "console" podem ser programados para reprodução em menor escala pelo robô, o corte a ser feito nessa
operação pode ser menor e
mais preciso.
Próstata
Apesar de a primeira cirurgia
ser de endometriose, o procedimento mais consagrado com o
uso do Da Vinci é a cirurgia de
próstata. Cássio Andreoni, urologista do Hospital Albert Einstein -o outro centro brasileiro
que já importou o robô-, diz
que especialmente nesse tipo
de operação é difícil a laparoscopia simples.
"Você passa a ter não só o benefício de um procedimento
minimamente invasivo, mas
com uma visão melhor. A cirurgia de próstata muitas vezes
afeta a potência sexual por causar lesão nos nervos. Com o robô, não só a capacidade de movimentação, mas também a visualização ajudam a preservar
os nervos", afirma.
No Einstein e no Sírio-Libanês, 29 cirurgias de próstata foram feitas desde março com o
Da Vinci.
Outro entusiasta do robô é o
cirurgião Joaquim Gama-Rodrigues, da diretoria do Colégio
Brasileiro de Cirurgia Digestiva. "Ele vai expandir os horizontes da ação cirúrgica", diz.
Segundo ele, ainda não houve
tempo de se fazer estudos amplos que mostrassem as vantagens do uso do robô em relação
a outros métodos. "O que tivemos foi a publicação de protocolos mostrando que não há
riscos adicionais comparando-se com a laparoscopia."
Gama-Rodrigues diz que o
preço alto e a falta de médicos
ainda são desvantagens. "A cirurgia robótica deverá baratear
com o tempo. O número maior
de equipamentos e instrumentos possibilitará a "produção
em série". O custo-benefício valerá a pena em cirurgias complexas, nas simples não", diz.
Ele afirma ainda que o número de médicos treinados no país
é pequeno, mas que deverá aumentar rapidamente, como
ocorreu com a laparoscopia.
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