São Paulo, sábado, 08 de julho de 2006

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Bomba explode em trem de SP e fere 11

Fernando Donasci/Folha Imagem
Policial observa dano causado por explosão de bomba caseira


Artefato caseiro estava sob o banco de vagão da CPTM e estourou na estação do Brás (centro), quando havia poucas pessoas no local

Companhia suspeita que ação tenha sido coordenada por ambulantes que atuam ilegalmente nos trens; não há feridos em estado grave

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

DO ""AGORA"

A explosão de uma bomba de fabricação caseira em um vagão da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), às 10h47 de ontem, na estação do Brás, centro de São Paulo, deixou 11 pessoas feridas, nenhuma gravemente. Havia entre 20 e 30 passageiros no vagão.
A bomba, de baixo poder explosivo, foi colocada dentro de um saco e numa caixa de chocolate sob um banco. Como não era horário de pico, quando há até 250 pessoas por vagão, não havia ninguém sentado nele.
O artefato havia sido recheado de pregos, parafusos e bolas de gude e explodiu quando o vagão estava com as portas abertas na plataforma 4 da estação Brás. A bomba abriu um buraco no piso do trem e arrancou parte de um dos bancos.
A composição, do Expresso Leste, seguia da estação da Luz até a de Guaianazes, na zona leste da capital. A CPTM não tem registro de atentados semelhantes nos últimos anos.

Suspeita
Segundo Leopoldo Augusto Correa Filho, gerente de segurança da companhia, a suspeita é que o criminoso seja ligado a ambulantes que vivem do comércio ilegal dentro dos trens da CPTM. Na semana passada, um ambulante foi detido quando colocava uma bomba na estação Domingos de Morais.
A participação de ambulantes ilegais também é a principal linha de investigação da polícia.
Imagens gravadas pelas câmeras de segurança instaladas nas estações serão usadas na tentativa de identificar que colocou a bomba. Somente pela estação do Brás passam cerca de 300 mil pessoas/dia.
As vítimas receberam os primeiros socorros da equipe médica que fica de plantão na estação. Depois, foram levadas a hospitais da região central.
O músico Edilson Santiago da Silva, 37, que estava no vagão, a cinco metros da bomba, quando houve a explosão, disse que houve gritaria e correria.
"O vagão ficou cheio de fumaça, parecia um nevoeiro, e as pessoas, cheias de sangue. Uma mulher estava com o rosto ensangüentado na minha frente."
Silva estava bem próximo à bomba, mas foi para a parte traseira do vagão segundos antes da explosão. ""Fiquei até com medo de entrar neste trem."
O segurança Antonio Paulo da Cunha, 40, também estava no vagão e ficou ferido no braço esquerdo. ""Foi terrível. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Vi muita gente ensangüentada correndo", disse.

Ambulantes ilegais
De janeiro a junho, os agentes da CPTM, vestidos à paisana para evitar que os ambulantes fugissem, apreenderam 851.943 mercadorias ilegais nos vagões. Em 2005, foram 1.553.691 unidades.
Segundo o gerente de segurança da CPTM, essas operações podem ter gerado represálias por parte dos ambulantes. "O mais provável é que seja mesmo isso [represálias]. Não acreditamos em ligação entre o atentado e o crime organizado", disse Correa Filho.


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