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SAÚDE/ VIROLOGIA
Caxumba torna-se mais comum em adolescentes
Jovens estão mais suscetíveis porque vacina estava fora do calendário até 1992
Desde maio, surto atinge adolescentes de Ribeirão Preto (SP); dos 89 casos registrados no ano até junho, 28 estão nessa faixa
PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
A caxumba está deixando de
ser uma doença tipicamente infantil para tornar-se mais freqüente em adolescentes.
Como a vacina tríplice viral
(contra caxumba, rubéola e sarampo) estava fora do calendário de vacinação até 1992, os jovens, que hoje chegam aos 15
anos, estão mais suscetíveis.
É uma faixa que está "em um
meio do caminho", entre aqueles que foram vacinados na infância e os que, mais velhos, adquiriram a doença quando crianças -e, portanto, estão
imunes-, explica o infectologista da Unifesp, Esper Kallas.
"Esses jovens não pegaram a
implantação do calendário e
são agora os mais vulneráveis".
Entre 1992 e 2004, a praxe era
tomar apenas uma dose da vacina -aos 12 meses. O reforço
foi instituído em 2004, para
crianças entre quatro e seis
anos. Assim, mesmo aqueles
que chegaram a ser vacinados
com uma dose podem estar
menos protegidos.
Desde maio, um surto em Ribeirão Preto (314 Km de São
Paulo) atinge adolescentes, especialmente entre 15 e 19 anos.
Ao todo, foram registrados 89
casos no ano até o mês passado,
sendo que 28 (31%) estão concentrados nessa faixa. Os demais diluem-se em outros grupos etários.
"Temos um quadro novo.
Existe uma quantidade de pessoas nessa idade não adequadamente vacinadas", diz a chefe
da Vigilância Epidemiológica
de Ribeirão Preto, Ana Alice de
Castro e Silva.
Também neste ano, foi registrado um surto de caxumba entre universitários de Campinas.
Na Unicamp, foram notificados
45 casos em maio.
Segundo dados do Ministério
da Saúde, a população de 12 a 19
anos (31 milhões) não-vacinada
em 2007 é de 7 milhões.
"Há um contingente de jovens mais suscetíveis. Um aumento na circulação do vírus
pode levar a novos surtos", afirma Ana Alice.
Em São Paulo, o Centro de Vigilância Epidemiológica contabilizou 213 ocorrências de caxumba e 43 surtos até maio, contra 582 casos e 148 surtos
em todo o ano passado. A Secretaria de Estado da Saúde
descarta a possibilidade de haver uma epidemia.
Recado
A maior incidência de caxumba entre adolescentes deve
servir de recado aos jovens
"que pensam que vacina é coisa
de criança", diz Denise Schout,
responsável pela área de vigilância epidemiológica do HC de
São Paulo. "É importante informar que algumas doenças não
são adquiridas apenas na infância. Isso é reflexo do próprio
programa de vacinação."
De acordo com Luiza Marilac, coordenadora-geral do programa de imunização do Ministério da Saúde, os adolescentes formam o grupo etário que menos procura o serviço de saúde.
"O jovem adoece menos, mas
pensa que não vai adoecer", diz.
Aqueles que não tomaram as
duas doses da vacina tríplice viral na infância devem vacinar-se entre os 11 anos e os 19 anos,
afirma Marilac. Uma dose de
reforço contra difteria e tétano
também deve ser tomada nesse
período e, a partir daí, a cada
dez anos. Vacinas contra a hepatite B e a febre amarela também podem ser tomadas na
adolescência.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI
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