São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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SAÚDE/ VIROLOGIA

Caxumba torna-se mais comum em adolescentes

Jovens estão mais suscetíveis porque vacina estava fora do calendário até 1992

Desde maio, surto atinge adolescentes de Ribeirão Preto (SP); dos 89 casos registrados no ano até junho, 28 estão nessa faixa

PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

A caxumba está deixando de ser uma doença tipicamente infantil para tornar-se mais freqüente em adolescentes. Como a vacina tríplice viral (contra caxumba, rubéola e sarampo) estava fora do calendário de vacinação até 1992, os jovens, que hoje chegam aos 15 anos, estão mais suscetíveis.
É uma faixa que está "em um meio do caminho", entre aqueles que foram vacinados na infância e os que, mais velhos, adquiriram a doença quando crianças -e, portanto, estão imunes-, explica o infectologista da Unifesp, Esper Kallas.
"Esses jovens não pegaram a implantação do calendário e são agora os mais vulneráveis".
Entre 1992 e 2004, a praxe era tomar apenas uma dose da vacina -aos 12 meses. O reforço foi instituído em 2004, para crianças entre quatro e seis anos. Assim, mesmo aqueles que chegaram a ser vacinados com uma dose podem estar menos protegidos.
Desde maio, um surto em Ribeirão Preto (314 Km de São Paulo) atinge adolescentes, especialmente entre 15 e 19 anos. Ao todo, foram registrados 89 casos no ano até o mês passado, sendo que 28 (31%) estão concentrados nessa faixa. Os demais diluem-se em outros grupos etários.
"Temos um quadro novo. Existe uma quantidade de pessoas nessa idade não adequadamente vacinadas", diz a chefe da Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto, Ana Alice de Castro e Silva.
Também neste ano, foi registrado um surto de caxumba entre universitários de Campinas. Na Unicamp, foram notificados 45 casos em maio.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a população de 12 a 19 anos (31 milhões) não-vacinada em 2007 é de 7 milhões.
"Há um contingente de jovens mais suscetíveis. Um aumento na circulação do vírus pode levar a novos surtos", afirma Ana Alice.
Em São Paulo, o Centro de Vigilância Epidemiológica contabilizou 213 ocorrências de caxumba e 43 surtos até maio, contra 582 casos e 148 surtos em todo o ano passado. A Secretaria de Estado da Saúde descarta a possibilidade de haver uma epidemia.

Recado
A maior incidência de caxumba entre adolescentes deve servir de recado aos jovens "que pensam que vacina é coisa de criança", diz Denise Schout, responsável pela área de vigilância epidemiológica do HC de São Paulo. "É importante informar que algumas doenças não são adquiridas apenas na infância. Isso é reflexo do próprio programa de vacinação."
De acordo com Luiza Marilac, coordenadora-geral do programa de imunização do Ministério da Saúde, os adolescentes formam o grupo etário que menos procura o serviço de saúde.
"O jovem adoece menos, mas pensa que não vai adoecer", diz. Aqueles que não tomaram as duas doses da vacina tríplice viral na infância devem vacinar-se entre os 11 anos e os 19 anos, afirma Marilac. Uma dose de reforço contra difteria e tétano também deve ser tomada nesse período e, a partir daí, a cada dez anos. Vacinas contra a hepatite B e a febre amarela também podem ser tomadas na adolescência.


Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI


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