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Corregedoria apura ação de policiais em morte de dois jovens
Mortes aconteceram quando os rapazes já haviam sido
dominados pelos PMs, após um assalto na zona oeste
Cinegrafista amador gravou
um deles se rendendo antes
de aparecer morto, e as
imagens serão analisadas
pela Corregedoria da PM
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis policiais militares foram
presos sob suspeita de matar
dois jovens (um de 16 anos e outro de 19), quando eles já estavam dominados após um assalto na zona oeste de São Paulo.
Um cinegrafista amador gravou um deles se rendendo antes de aparecer morto. As imagens serão analisadas pela Corregedoria da Polícia Militar.
As mortes ocorreram na última quinta-feira, por volta das
20h30, quando as duas vítimas
e mais um adolescente de 17
anos, que sobreviveu, fugiam
em um Toyota Corolla. Segundo a PM, minutos antes eles haviam roubado a academia de tênis Vezzani, na zona oeste.
No assalto, os três teriam
conseguido R$ 500, alguns telefones celulares e outros objetos dos freqüentadores da academia de tênis, além do Corolla
prata em que tentaram escapar.
Ao perceber o roubo, um dos
alunos da academia chamou a
polícia, que começou a perseguir o carro em que os jovens
estavam pelas ruas da Vila Leopoldina, até que o veículo bateu
em um poste.
Um cinegrafista amador começou a filmar instantes após a
batida, sem que os PMs que
perseguiam os três jovens percebessem. As imagens, reproduzidas pela TV Bandeirantes,
mostram o momento em que
um dos jovens mortos, Rafael
Henrique Fernandes da Silva,
16, colocou as mãos para fora
do Toyota Corolla, se entregando aos policiais.
A gravação mostra policiais
se aproximando do carro com
armas em punho e Silva sendo
arrancado pela janela do carona do veículo por policiais e colocado no chão. Na seqüência,
as imagens ficam tremidas e,
em seguida, aparece o corpo de
um dos jovens no chão.
Não é possível verificar pelas
imagens se Silva já estava ferido antes de tentar se render.
Tampouco é possível saber se
ele foi morto depois de ser retirado do carro, por causa da qualidade do vídeo. As imagens
também não mostram como foi
morto o outro rapaz, Diego dos
Santos Lima, 19, que estaria no
banco de trás do veículo.
O rapaz de 17 anos que dirigia
o Corolla foi ferido na perna,
mas não corre risco de morte.
Ele está preso e é considerado
pela PM como a principal testemunha para comprovar possíveis excessos, além das imagens do cinegrafista amador.
À corregedoria os seis policiais detidos disseram que os
fugitivos dispararam contra os
policiais e foram baleados durante a troca de tiros.
O advogado Ariel de Castro
Alves, do Condepe (Conselho
Estadual dos Direitos da Pessoa Humana), conversou com o
sobrevivente. "Ele disse que
nenhum deles atirou contra os
policiais militares. Isso reforça
a hipótese de que eles tenham
sido "executados" pelos PMs",
disse o advogado.
Segundo Alves, o sobrevivente disse que as portas do carro
travaram na batida. Ele afirmou ter sobrevivido porque escapou pela janela do motorista,
sendo preso logo em seguida. O
jovem, que está preso na Fundação Casa, disse que não viu os
colegas sendo baleados. A prisão administrativa, que vai até
quarta-feira, pode ser prorrogada conforme a investigação.
(ANDRÉ CARAMANTE E LUIS KAWAGUTI)
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