São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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Corregedoria apura ação de policiais em morte de dois jovens

Mortes aconteceram quando os rapazes já haviam sido dominados pelos PMs, após um assalto na zona oeste

Cinegrafista amador gravou um deles se rendendo antes de aparecer morto, e as imagens serão analisadas pela Corregedoria da PM


DA REPORTAGEM LOCAL

Seis policiais militares foram presos sob suspeita de matar dois jovens (um de 16 anos e outro de 19), quando eles já estavam dominados após um assalto na zona oeste de São Paulo. Um cinegrafista amador gravou um deles se rendendo antes de aparecer morto. As imagens serão analisadas pela Corregedoria da Polícia Militar.
As mortes ocorreram na última quinta-feira, por volta das 20h30, quando as duas vítimas e mais um adolescente de 17 anos, que sobreviveu, fugiam em um Toyota Corolla. Segundo a PM, minutos antes eles haviam roubado a academia de tênis Vezzani, na zona oeste.
No assalto, os três teriam conseguido R$ 500, alguns telefones celulares e outros objetos dos freqüentadores da academia de tênis, além do Corolla prata em que tentaram escapar.
Ao perceber o roubo, um dos alunos da academia chamou a polícia, que começou a perseguir o carro em que os jovens estavam pelas ruas da Vila Leopoldina, até que o veículo bateu em um poste.
Um cinegrafista amador começou a filmar instantes após a batida, sem que os PMs que perseguiam os três jovens percebessem. As imagens, reproduzidas pela TV Bandeirantes, mostram o momento em que um dos jovens mortos, Rafael Henrique Fernandes da Silva, 16, colocou as mãos para fora do Toyota Corolla, se entregando aos policiais.
A gravação mostra policiais se aproximando do carro com armas em punho e Silva sendo arrancado pela janela do carona do veículo por policiais e colocado no chão. Na seqüência, as imagens ficam tremidas e, em seguida, aparece o corpo de um dos jovens no chão.
Não é possível verificar pelas imagens se Silva já estava ferido antes de tentar se render. Tampouco é possível saber se ele foi morto depois de ser retirado do carro, por causa da qualidade do vídeo. As imagens também não mostram como foi morto o outro rapaz, Diego dos Santos Lima, 19, que estaria no banco de trás do veículo.
O rapaz de 17 anos que dirigia o Corolla foi ferido na perna, mas não corre risco de morte. Ele está preso e é considerado pela PM como a principal testemunha para comprovar possíveis excessos, além das imagens do cinegrafista amador.
À corregedoria os seis policiais detidos disseram que os fugitivos dispararam contra os policiais e foram baleados durante a troca de tiros.
O advogado Ariel de Castro Alves, do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana), conversou com o sobrevivente. "Ele disse que nenhum deles atirou contra os policiais militares. Isso reforça a hipótese de que eles tenham sido "executados" pelos PMs", disse o advogado.
Segundo Alves, o sobrevivente disse que as portas do carro travaram na batida. Ele afirmou ter sobrevivido porque escapou pela janela do motorista, sendo preso logo em seguida. O jovem, que está preso na Fundação Casa, disse que não viu os colegas sendo baleados. A prisão administrativa, que vai até quarta-feira, pode ser prorrogada conforme a investigação. (ANDRÉ CARAMANTE E LUIS KAWAGUTI)


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