São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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Ex-médico nega erro em morte de mulheres

Marcelo Caron, acusado de causar a morte de duas mulheres que fizeram cirurgias plásticas, começa a ser julgado no DF

Para promotor, imperícia matou as pacientes; médico foi condenado a prisão em regime semiaberto pela morte de uma mulher em Goiânia


LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-médico Marcelo Caron, 46, negou ontem, durante julgamento iniciado em Brasília, ter cometido erro médico. Ele é acusado de causar a morte de duas mulheres que se submeteram a cirurgias plásticas na capital. A previsão era que o júri se estenderia até a madrugada.
Em abril, ele foi condenado a oito anos de prisão em regime semiaberto pela morte de uma advogada em uma cirurgia de lipoescultura em Goiânia, em janeiro de 2001.
Caron foi denunciado sob acusação de homicídio qualificado (por motivo torpe), omissão e exercício ilegal da medicina. Se condenado, sua pena pode ser de 12 a 30 anos de prisão.
Ao ser interrogado pelo juiz Germano de Holanda, ele negou erro médico e disse que nenhum dos procedimentos acarretou a morte das pacientes. "Eu nunca acreditei que o raio caía duas vezes no mesmo lugar, mas caiu duas, três, quatro vezes", disse, sobre as mortes.
Ele também desqualificou o laudo do IML que aponta perfurações de vasos de grosso calibre numa das mulheres, o que teria provocado a sua morte.
Já de noite, em sua exposição, o promotor Leonardo José de Moura exibiu aos jurados um instrumento chamado cânula, idêntico ao que teria sido usado na operação malsucedida na funcionária pública Adcélia Martins de Souza, 39, que deixou três filhas.
Moura disse que a imperícia do ex-médico custou a vida da paciente e insistiu que o laudo apontava ter havido erro médico com uso da cânula. Lembrou também os casos de Goiânia.
O advogado da família de Adcélia, Severo Neto, enfatizou que Caron "assumiu os riscos de produzir mortes". Disse ainda que o ex-médico "ganhou o pão com a lágrima dos outros".
Ao encerrar a defesa de Caron, o advogado Ricardo Silva Naves afirmou que a mídia usou de sensacionalismo ao divulgar os casos de seu cliente.
Ele insistiu na falta de dolo (intenção). "Caron persistiu [na profissão de médico] por ter mais de 2.000 cirurgias e por confiar na sua habilidade."
Tereza Murta, mãe da estudante Graziela Murta Oliveira, 26, se disse indignada por Caron não assumir o erro. "Dói saber que ele fica solto por aí e minha filha está enterrada."
As pacientes morreram em 2001. Antes de começar a fazer cirurgias no Distrito Federal, Caron assinara um termo de ajustamento, em Goiânia, comprometendo-se a não fazer cirurgias até decisão do Conselho Regional de Medicina de Goiás. Ele teve o registro de médico cassado em 2002.


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