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Ex-médico nega erro em morte de mulheres
Marcelo Caron, acusado de causar a morte de duas mulheres que fizeram cirurgias plásticas, começa a ser julgado no DF
Para promotor, imperícia matou as pacientes; médico foi condenado a prisão em regime semiaberto pela morte de uma mulher em Goiânia
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-médico Marcelo Caron,
46, negou ontem, durante julgamento iniciado em Brasília,
ter cometido erro médico. Ele é
acusado de causar a morte de
duas mulheres que se submeteram a cirurgias plásticas na capital. A previsão era que o júri
se estenderia até a madrugada.
Em abril, ele foi condenado a
oito anos de prisão em regime
semiaberto pela morte de uma
advogada em uma cirurgia de
lipoescultura em Goiânia, em
janeiro de 2001.
Caron foi denunciado sob
acusação de homicídio qualificado (por motivo torpe), omissão e exercício ilegal da medicina. Se condenado, sua pena pode ser de 12 a 30 anos de prisão.
Ao ser interrogado pelo juiz
Germano de Holanda, ele negou erro médico e disse que nenhum dos procedimentos acarretou a morte das pacientes.
"Eu nunca acreditei que o raio
caía duas vezes no mesmo lugar, mas caiu duas, três, quatro
vezes", disse, sobre as mortes.
Ele também desqualificou o
laudo do IML que aponta perfurações de vasos de grosso calibre numa das mulheres, o que
teria provocado a sua morte.
Já de noite, em sua exposição, o promotor Leonardo José
de Moura exibiu aos jurados
um instrumento chamado cânula, idêntico ao que teria sido
usado na operação malsucedida na funcionária pública Adcélia Martins de Souza, 39, que
deixou três filhas.
Moura disse que a imperícia
do ex-médico custou a vida da
paciente e insistiu que o laudo
apontava ter havido erro médico com uso da cânula. Lembrou
também os casos de Goiânia.
O advogado da família de Adcélia, Severo Neto, enfatizou
que Caron "assumiu os riscos
de produzir mortes". Disse ainda que o ex-médico "ganhou o
pão com a lágrima dos outros".
Ao encerrar a defesa de Caron, o advogado Ricardo Silva
Naves afirmou que a mídia
usou de sensacionalismo ao divulgar os casos de seu cliente.
Ele insistiu na falta de dolo
(intenção). "Caron persistiu
[na profissão de médico] por
ter mais de 2.000 cirurgias e
por confiar na sua habilidade."
Tereza Murta, mãe da estudante Graziela Murta Oliveira,
26, se disse indignada por Caron não assumir o erro. "Dói saber que ele fica solto por aí e
minha filha está enterrada."
As pacientes morreram em
2001. Antes de começar a fazer
cirurgias no Distrito Federal,
Caron assinara um termo de
ajustamento, em Goiânia, comprometendo-se a não fazer cirurgias até decisão do Conselho
Regional de Medicina de Goiás.
Ele teve o registro de médico
cassado em 2002.
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