São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2011

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Deslizamento em obra da prefeitura mata 2

Adolescente grávida e menino de três anos morreram após terra desabar na zona sul de SP; outras 2 pessoas se feriram

Moradores dizem que tentaram suspender obra porque havia risco; secretário de Kassab diz que irá investigar caso


Jorge Araujo/Folhapress
Encosta onde ocorreu o deslizamento ontem, no extremo sul de SP; duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas

CRISTINA MORENO DE CASTRO
JOSÉ BENEDITO DA SILVA

DE SÃO PAULO

Uma adolescente grávida de cinco meses e um menino de três anos morreram ontem após um deslizamento de terra soterrar 11 casas no morro da Mata Virgem, no extremo sul da capital.
A área, considerada de alto risco, passava por obras da Prefeitura de São Paulo.
Dois jovens, de 15 e 16 anos, se feriram levemente. Após o deslizamento, 50 famílias tiveram que deixar as suas casas -elas foram levadas para hotéis.
Moradores afirmam que, nos últimos meses, a movimentação de máquinas da prefeitura no local, para a realização de obras de encosta, já provocava pequenos deslizamentos de pedras.
A ação de uma retroescavadeira foi apontada por eles como decisiva para a movimentação de terra encosta abaixo. O secretário municipal da Habitação, Ricardo Pereira Leite, disse que isso será investigado, mas que acreditava não haver relação.
A tragédia poderia ter sido maior se fosse em outro horário. O deslizamento ocorreu por volta das 10h30, quando boa parte dos moradores havia ido trabalhar.

EXPLOSÃO
Moradores contam que a terra desceu de uma só vez, fazendo um barulho que parecia o de uma explosão. Logo em seguida, os vizinhos começaram a gritar por socorro e ajudar nos resgates.
Com o apoio de cães farejadores, os cerca de 70 bombeiros que ajudavam nos trabalhos de resgate levaram mais de cinco horas para encontrar o corpo do garoto em meio ao barro.
Do alto da avenida Alda e na estrada da Saúde, um grupo de mais de cem pessoas observava os trabalhos. O clima geral era de revolta contra a obra da prefeitura.
"Tinham que remover a gente antes da obra", disse a dona de casa Elisete dos Santos, 43. Ela se juntou ao grupo de cerca de 30 moradores que, há duas semanas, entrou no canteiro da obra munido de cartazes.
"Pedimos que parassem. Víamos o perigo: Vinte caminhões pesados escavacando a terra, o pessoal ia acabar soterrado", diz Manuel Henrique da Silva, 50.
Segundo ele, um engenheiro identificado como João garantiu que a obra não oferecia risco para os moradores e que se responsabilizava por ela. "Mas onde está o João agora?", questiona.
Com o acidente, as casas atingidas serão demolidas e outras 24, interditadas.


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