São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2011 |
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Morador do Itaim teme perder vista com venda de área Construção de prédios onde hoje está o "quarteirão da cultura" pode desvalorizar apartamentos em até 30% Vizinhos de terreno cuja venda é apoiada por Kassab apontam ainda problemas como perda de área verde e trânsito VANESSA CORREA EVANDRO SPINELLI DE SÃO PAULO Se o chamado "quarteirão da cultura" do Itaim Bibi (zona sul de SP) for cedido à iniciativa privada em troca de creches, como quer a prefeitura e já aprovou a Câmara, os apartamentos com face para o terreno vão perder uma bela vista -e, com isso, até 30% do valor. Corretores de imóveis que atuam na região dizem que o principal atrativo dos apartamentos é o visual -para a copa de árvores, nos andares mais baixos, e para o parque do Povo, além de outros bairros, nos mais altos. A prefeitura pretende fazer uma licitação e entregar o terreno à empresa que oferecer o maior número de creches em troca do imóvel. Moradores criticam. Os equipamentos que hoje existem no local -escolas, creche, unidades de saúde, biblioteca e teatro- serão reconstruídos em cerca de um quarto do terreno. O prédio da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) será transferido. Uma corretora que atua no bairro estima desvalorização de 15% a 20% caso sejam construídos prédios no terreno. "Essa briga [dos moradores em relação ao destino do terreno] é por causa disso", afirma a corretora, que preferiu não divulgar seu nome. Há apartamentos no quarteirão de R$ 11 milhões, com aluguel de até R$ 45 mil, de acordo com Edson Rocha, da corretora Imóveis do Itaim. Os moradores lamentam a perda da paisagem, mas apontam outros problemas. "Vai perder a vista. Mas o mais importante é que São Paulo precisa de área verde. Para que fazer mais prédios em um lugar que já está supersaturado? Não vai dar mais para sair e entrar no prédio [com o trânsito]", diz Ângela, 54, professora que mora em frente ao terreno. Helcias Padua, coordenador do movimento SOS Itaim Bibi, diz que a desvalorização dos imóveis chegará a 30% com a perda da vista. "Ninguém quer abrir a janela e ver a janela de seu vizinho", disse Padua, que ressalta que o mais importante, no entanto, é a manutenção do terreno como está. "A área tem 40 espécies vegetais." Para o prefeito Gilberto Kassab (PSD), toda a mobilização contra o negócio é de moradores que não querem perder a vista. Ele admite a perda da área verde, mas diz que haverá compensação ambiental e ressalta o ganho social da construção de creches. O tombamento do terreno está em discussão no Condephaat (órgão estadual de preservação do patrimônio), mas a decisão não tem prazo. Texto Anterior: Trânsito: Washington Luís é interditada para remoção de carreta Próximo Texto: Feriado: Poupatempo e Correios ficam fechados amanhã Índice | Comunicar Erros |
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