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POLÍCIA FORA DA LEI
Pedido é embasado em carta de ex-agente
Para procurador, denúncias "são fatos que precisam ser esclarecidos"
DA REPORTAGEM LOCAL
"São dados relevantes que eu
não vou entrar no mérito. São fatos que precisam ser esclarecidos", afirmou o procurador-geral
de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey, que pediu ontem, ao Tribunal de Justiça,
uma investigação sobre o suposto
envolvimento do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro
Abreu Filho, nas ações de infiltração de presos pela Polícia Militar.
O pedido de Marrey foi embasado no dossiê encaminhado anteontem à Procuradoria Geral de
Justiça pela OAB/SP (Ordem dos
Advogados do Brasil), por entidades de direitos humanos e por advogados. A documentação relata
irregularidades na infiltração de
presos revelada pela Folha na edição do dia 28 de julho.
A principal peça do dossiê é a
carta do preso Ronny Clay Chaves, 27, ex-colaborador do Gradi.
Na carta enviada à OAB, Chaves
relatou que teve dois contatos
com o próprio secretário quando
prestava serviços ao Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância).
Em um deles, o preso disse que
participou de uma reunião, com a
presença de Abreu Filho, na qual
foram discutidos os detalhes de
uma ação contra o PCC, que terminou na morte de 12 homens em
março deste ano, em Sorocaba
(100 km de São Paulo).
Segundo o ex-colaborador da
PM, era uma armação da qual o
secretário tinha conhecimento.
Chaves disse que a cilada consistia em atrair o grupo para roubar
um avião, que não existia. Na reunião, segundo carta do preso, o
secretário teria dito: "Estou assumindo agora e quero um estouro,
não importa se irão reclamar".
"O secretário foi citado duas vezes na carta e isso precisa ser esclarecido. Não é pré-julgamento",
disse Marrey. Ele nomeou os procuradores Antonio Visconti, Clóvis Almir Vital de Uzeda e Jobst
Dieter Horst Niemayer para
acompanhar o caso.
Marrey encaminhou a investigação ao Tribunal de Justiça porque é o fórum jurídico adequado
para investigar e processar secretários de Estado e juízes. O pedido
será analisado pelo presidente do
TJ, Sérgio Augusto Nigro Conceição. Se for aceito, será nomeado
um relator, que fará a apuração. O
resultado será encaminhado à
Procuradoria, que pode arquivar
o caso ou apresentar denúncia.
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública informou, por
nota oficial, que só se pronunciará
depois que for informada oficialmente sobre o pedido de investigação feito pelo procurador-geral de Justiça.
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