|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CPI já investigou "agente" da PM
DA REPORTAGEM LOCAL
O preso Gilmar Leite Siqueira,
29, que colaborou com o Gradi
(Grupo de Repressão e Análise
dos Delitos de Intolerância) da
Polícia Militar de São Paulo, já foi
informante da polícia em um esquema de extorsão a assaltantes
de carga na região de Campinas
(95 km de São Paulo).
Esse esquema foi investigado
pela CPI do Narcotráfico da Câmara dos Deputados. Em 1999, Siqueira virou a testemunha número 141 da comissão e apontou policiais e advogados envolvidos.
O preso foi uma das principais
testemunhas contra o empresário
de Campinas Willian Sozza,
apontado como líder de uma organização criminosa ligada ao deputado cassado Hildebrando Pascoal, acusado de chefiar um grupo
de extermínio no Acre.
Antes da prisão em 1996 por
roubar carga, Siqueira se infiltrava em quadrilhas de assaltantes e
informava aos policiais corruptos
onde estava a carga roubada. Em
vez de prender os ladrões, os policiais exigiam propina, segundo o
seu relato à CPI do Narcotráfico.
Ele denunciou os policiais civis
em 1996, mas o caso foi arquivado. Meses depois, sua mulher e
seu filho de quatro anos foram assassinados com tiros no rosto. Siqueira afirmou que eles foram
mortos por causa dessa denúncia.
Mesmo assim, Siqueira virou
"agente" do Gradi da Polícia Militar em 2001 e passou a participar
de investigações contra o PCC.
De dezembro de 2001 a abril
deste ano, o preso saiu da prisão
33 vezes com autorização judicial,
ficando 80 dias fora da cadeia.
Ele participou de pelo menos
três operações do Gradi: um tiroteio na rodovia Bandeirantes, em
Valinhos (85 km de São Paulo),
em janeiro, que terminou na
morte de cinco supostos membros do PCC; um confronto que
resultou na morte de três pessoas,
em fevereiro, em Piracicaba (162
km de SP); e, em Sorocaba, em
março, no qual 12 morreram.
Siqueira era parceiro de Marcos
Massari nas investigações do Gradi. Massari é o campeão de autorizações, com 68 saídas, totalizando
115 dias fora da cadeia, entre março de 2001 e abril de 2002.
Como colaborador da PM, Siqueira dormia fora da cadeia, participava de festas, andava na rua
sem algemas ou escolta, tinha telefone celular e carro à disposição.
"Ele [Siqueira" sempre teve dois
senhores: o crime e a polícia. Mas
sempre agiu em causa própria,
para ter vantagem e cometer crimes", disse o deputado federal
Pompeo de Mattos (PDT-RS),
que foi subrelator da CPI pela região de Campinas.
Mattos ouviu o preso várias vezes durante a CPI e se impressionou com os contatos de Siqueira
com quadrilhas de criminosos.
"Ele é muito esperto. Viveu entre
criminosos e policiais e sobreviveu", disse.
Segundo o deputado, Siqueira
chegou a receber proteção especial após fazer as denúncias à CPI,
mas desistiu logo depois. Mattos
diz que ficou surpreso aos saber
que Siqueira foi um dos colaboradores do Gradi e que participou
de operações policiais. "Ele é um
grande risco à sociedade."
Texto Anterior: "Acredito no secretário", diz Alckmin Próximo Texto: Pasquale Cipro Neto: Absoluto e relativo (1) Índice
|