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VIOLÊNCIA
Para a polícia, prisão representa mais uma evidência de parceria do Comando Vermelho com a facção paulista
Suposto integrante do PCC é preso no Rio
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia teve mais uma confirmação da presença de integrantes
da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em redutos do CV (Comando Vermelho)
na zona oeste do Rio.
João Pires de Lima, 24, o Paulista, foi preso no último dia 30 no
conjunto habitacional Vilar Carioca (Campo Grande), que é dominado por traficantes do CV. Segundo o Serviço Reservado do
RPMont (Regimento de Polícia
Montada da Polícia Militar), ele é
membro do PCC.
O conjunto Vilar Carioca é vizinho da favela do Barbante que, de
acordo com investigações da
Drae (Divisão de Repressão a Armas e Explosivos da Polícia Civil),
tem a venda de drogas controlada
pelo PCC, com autorização do
Comando Vermelho, conforme
revelou a Folha no dia 28 de maio.
Paulista foi preso porque estaria
vendendo 69 sacolés (pequenos
embrulhos) de cocaína. Ele está
na carceragem da Polinter (Polícia Interestadual), em Ricardo de
Albuquerque (zona norte).
A prisão foi comunicada à Drae,
que também confirmou a ligação
de Paulista com o PCC. A unidade
começou a investigar o elo entre
PCC e CV após prender na favela
três traficantes da facção paulista,
que relataram a existência da parceria entre os dois grupos.
O registro da prisão de Paulista
foi feito pela 35ª DP (Delegacia de
Polícia), em Campo Grande. A família do acusado informou que
ele nasceu no Rio de Janeiro, mas
morou durante um ano em São
Paulo. O período em que Paulista
permaneceu em São Paulo não foi
revelado pela família.
Apreensão
A união PCC-CV também está
sendo investigada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria
de Segurança Pública, que concluiu que, além da favela do Barbante, o PCC atua em conjunto
com o CV em mais seis comunidades do Rio. Entre elas, o complexo do Alemão (zona norte),
principal reduto do traficante
Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, o criminoso mais procurado
pela polícia fluminense -acusado de ser o responsável pela morte do jornalista Tim Lopes.
Há duas semanas, a Drae
apreendeu na favela da Grota, que
integra o complexo, 41 granadas
de fabricação caseira com as siglas
das duas facções.
A parceria também é apurada
pela Polícia Federal. O superintendente da PF no Rio, Marcelo
Itagiba, considera que a aliança
entre as facções "é um fato".
Segundo a Polícia Civil, o PCC
recebe autorização do CV para
praticar crimes no Rio, como tráfico de drogas, sequestros e assaltos a banco. Em troca, facilita a
entrada de drogas no Rio, pois as
principais rotas de maconha passam pelo Estado de São Paulo.
O elo entre as facções teria se firmado após a transferência de integrantes do PCC, como José
Márcio Felício, o Geleião, para o
presídio de segurança máxima
Bangu 1 (zona oeste), em agosto
do ano passado. Durante o tempo
em que esteve preso no Rio, Geleião conviveu com veteranos do
Comando Vermelho, como o traficante Márcio Nepomuceno, o
Marcinho VP, e firmou a aliança.
Uma das razões que levou o CV
a se aliar ao PCC foi o crescimento
das facções rivais TC (Terceiro
Comando) e ADA (Amigo dos
Amigos), que, unidas, tomaram
conta de antigos redutos do CV,
como o morro do Juramento e o
complexo de favelas de Acari, ambos na zona norte.
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