São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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VIOLÊNCIA

Para a polícia, prisão representa mais uma evidência de parceria do Comando Vermelho com a facção paulista

Suposto integrante do PCC é preso no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia teve mais uma confirmação da presença de integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em redutos do CV (Comando Vermelho) na zona oeste do Rio.
João Pires de Lima, 24, o Paulista, foi preso no último dia 30 no conjunto habitacional Vilar Carioca (Campo Grande), que é dominado por traficantes do CV. Segundo o Serviço Reservado do RPMont (Regimento de Polícia Montada da Polícia Militar), ele é membro do PCC.
O conjunto Vilar Carioca é vizinho da favela do Barbante que, de acordo com investigações da Drae (Divisão de Repressão a Armas e Explosivos da Polícia Civil), tem a venda de drogas controlada pelo PCC, com autorização do Comando Vermelho, conforme revelou a Folha no dia 28 de maio.
Paulista foi preso porque estaria vendendo 69 sacolés (pequenos embrulhos) de cocaína. Ele está na carceragem da Polinter (Polícia Interestadual), em Ricardo de Albuquerque (zona norte).
A prisão foi comunicada à Drae, que também confirmou a ligação de Paulista com o PCC. A unidade começou a investigar o elo entre PCC e CV após prender na favela três traficantes da facção paulista, que relataram a existência da parceria entre os dois grupos.
O registro da prisão de Paulista foi feito pela 35ª DP (Delegacia de Polícia), em Campo Grande. A família do acusado informou que ele nasceu no Rio de Janeiro, mas morou durante um ano em São Paulo. O período em que Paulista permaneceu em São Paulo não foi revelado pela família.

Apreensão
A união PCC-CV também está sendo investigada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, que concluiu que, além da favela do Barbante, o PCC atua em conjunto com o CV em mais seis comunidades do Rio. Entre elas, o complexo do Alemão (zona norte), principal reduto do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, o criminoso mais procurado pela polícia fluminense -acusado de ser o responsável pela morte do jornalista Tim Lopes.
Há duas semanas, a Drae apreendeu na favela da Grota, que integra o complexo, 41 granadas de fabricação caseira com as siglas das duas facções.
A parceria também é apurada pela Polícia Federal. O superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, considera que a aliança entre as facções "é um fato".
Segundo a Polícia Civil, o PCC recebe autorização do CV para praticar crimes no Rio, como tráfico de drogas, sequestros e assaltos a banco. Em troca, facilita a entrada de drogas no Rio, pois as principais rotas de maconha passam pelo Estado de São Paulo.
O elo entre as facções teria se firmado após a transferência de integrantes do PCC, como José Márcio Felício, o Geleião, para o presídio de segurança máxima Bangu 1 (zona oeste), em agosto do ano passado. Durante o tempo em que esteve preso no Rio, Geleião conviveu com veteranos do Comando Vermelho, como o traficante Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, e firmou a aliança.
Uma das razões que levou o CV a se aliar ao PCC foi o crescimento das facções rivais TC (Terceiro Comando) e ADA (Amigo dos Amigos), que, unidas, tomaram conta de antigos redutos do CV, como o morro do Juramento e o complexo de favelas de Acari, ambos na zona norte.



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