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Crise da saúde no Nordeste atinge agora a Paraíba
Médicos de João Pessoa iniciaram uma greve de 48 horas por reajuste de salários e melhores condições de trabalho
No Ceará, profissionais reclamam da falta de leitos no interior e dos baixos salários; em Maceió, greve já ultrapassa os 60 dias
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A crise no sistema de saúde
no Nordeste, provocada por
uma onda de greves e demissões dos médicos da rede pública, chegou ontem à Paraíba.
Os profissionais do PSF (Programa Saúde da Família) de
João Pessoa iniciaram uma
greve de advertência de 48 horas para reivindicar melhores
condições de trabalho e pedir
um reajuste salarial.
O movimento, que acaba hoje, prejudica o atendimento de
6.400 pessoas beneficiadas no
projeto.
Segundo o presidente do sindicato da categoria no Estado,
José Demir Rodrigues, a greve
poderá ser deflagrada por tempo indeterminado a partir da
próxima semana, caso não haja
acordo com a Prefeitura de
João Pessoa.
O sindicato reivindica melhoria nas infra-estruturas das
180 unidades na capital paraibana e isonomia salarial com os
profissionais que trabalham
em Campina Grande (130 km
de João Pessoa).
De acordo com Rodrigues, os
160 médicos do PSF da capital
recebem cerca de R$ 3.400. Em
Campina Grande, afirma, o salário é de R$ 4.500. A prefeitura
propôs reajustar os vencimentos para cerca de R$ 3.600.
Na próxima segunda-feira, a
categoria se reunirá em assembléia para decidir os rumos do
movimento.
Caos no Nordeste
O caos na saúde perdura em
Pernambuco, Alagoas e Ceará.
Em Pernambuco, onde 134 médicos de emergências públicas
se demitiram, os profissionais
devem discutir nova proposta
de aumento salarial do sindicato e uma possível contraproposta do governo.
A categoria, que reivindicava
reajuste do salário de R$ 1.540
para R$ 2.080 e da gratificação
de R$ 600 para R$ 1.150 por
mês, já aceita R$ 2.000 de salário inicial mais R$ 1.000 de bonificação. O governo estuda a
possibilidade de aumentar o piso para R$ 1.800.
Já em Maceió, os médicos da
rede estadual de saúde fizeram
ontem um ato público na maternidade Santa Mônica, que
atende gestantes de alto risco.
A greve dura mais de 60 dias e
os médicos pedem reajuste.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas,
Wellington Galvão, cerca de
80% dos 103 médicos da maternidade assinaram um pedido
de demissão coletiva que poderá ser entregue nos próximos
dias ao Estado, caso não sejam
reabertas as negociações.
O governo do Estado diz que
não pode atender à reivindicação dos médicos pois não pode
descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita gastos com o pagamento de salários. Na semana passada, 143
médicos pediram exoneração.
No Ceará, além da falta de
leitos de UTI no interior, médicos da rede municipal de Fortaleza ameaçam demissão em
massa ou greve geral por não
concordar com a proposta de
reajuste da prefeitura, que propõe um piso de R$ 751 (a categoria exige R$ 1.700).
Anestesistas e cardiovasculares que atuam em hospitais
credenciados com o SUS também estão em greve no Estado.
Colaborou KAMILA FERNANDES, da Agência
Folha, em Fortaleza
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