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Serviço de ajuda a mulheres agredidas dobra atendimento
Maior crescimento no sistema Ligue 180 foi de pedidos de informações sobre a lei
Ligações para denunciar violência contra mulheres subiram de 8.693, no primeiro semestre de 2007, para 9.542 neste ano
JOHANNA NUBLAT
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de atendimentos
do Ligue 180, que recebe ligações envolvendo mulheres em
situação de violência, mais que
dobrou no primeiro semestre
deste ano em comparação com
o mesmo período de 2007.
Foram 121.424 atendimentos de janeiro a junho deste ano
para esclarecer dúvidas, colher
relatos de violência doméstica
e encaminhar vítimas a delegacias ou defensorias, na maioria
das vezes. No mesmo intervalo
de 2007, o total foi de 58.417,
segundo a Secretaria Especial
de Políticas para as Mulheres.
Pela manhã, a secretaria informou que o total de atendimentos em 2008 somava
121.891. Procurada pela Folha
à noite, a secretaria não soube
informar qual seria o dado correto. A diferença entre os totais
é pouco significativa.
Ligações para relatar ou denunciar casos específicos de
violência subiram de 8.693, no
primeiro semestre de 2007, para 9.542 neste ano.
Crescimento maior foi verificado no número de pedidos de
informação especificamente
sobre a Lei Maria da Penha,
que completou ontem dois
anos de vigência. Foram
49.025 atendimentos neste
ano, contra 11.020 em 2007.
Para a secretaria, o aumento
se deve a uma modificação no
atendimento e a uma maior divulgação da Lei Maria da Penha. Para especialistas, não é
possível dizer que a violência
contra a mulher aumentou.
Em comemoração dos dois
anos da lei, foi divulgada uma
pesquisa do Ibope em parceria
com a ONG Themis que mostra
o apelo da lei na sociedade.
Das 2.002 pessoas consultadas, 68% disseram conhecer a
lei, mesmo que superficialmente. Um dado de destaque
aponta que apenas 52% das
pessoas disseram que a mulher
costuma procurar ajuda quando sofre violência doméstica.
Outros 42% afirmaram que a
mulher não procura apoio.
A pesquisa ouviu as pessoas
em 142 municípios. A margem
de erro é de dois pontos percentuais.
Apesar da lei, a violência
contra a mulher ainda está envolta em "silêncio negro", diz
Marisa da Silva, 45, uma das
cerca de 300 promotoras legais
populares presentes -líderes
comunitárias que receberam
treinamento jurídico para
prestar ajuda em comunidades.
Elas entregaram um documento ao presidente da República em exercício, José Alencar, e ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar
Mendes, pedindo mudanças
para a implementação total da
lei, como ampliação do funcionamento das delegacias especiais e melhoria da estrutura de
centros para a mulher.
Outras entidades também
criticaram a falta de estrutura
para acolhimento da mulher
em situação de violência e ao
não-acatamento da lei por parte de alguns juízes.
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