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AFFONSO DE AZEVEDO ÉVORA (1919-2008)
Precursor, Fon-Fon trouxe o bronze em 48
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Fon-Fon havia deixado de
lado o zunzunzum da cidade
grande. Foi na quietude imperial de Petrópolis, no Rio,
onde passou os últimos sete
anos de sua vida, que Affonso
Évora recebeu o convite para
carregar a tocha dos Jogos
Pan-Americanos, em 2007.
Encheu-se de alegria, mas,
vaidoso, agiu como se o convite fosse notícia qualquer.
No dia seguinte, o ex-jogador
de basquete da seleção brasileira inesperadamente acordou mal: naquela manhã, sofreu seu terceiro AVC (acidente vascular cerebral).
No fundo, sentia-se profundamente triste, lembra a
família, pelo não-reconhecimento da contribuição de
sua geração ao esporte -daí
a emoção em erguer a tocha,
o que acabou não realizando.
Em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres, Évora e
seus companheiros de time
arrebataram o bronze. Foi a
primeira medalha olímpica
do Brasil em jogos coletivos.
Tricampeão brasileiro de
basquete pelo Flamengo,
chegou a servir ao Exército
durante a Segunda Guerra
-estava sempre alerta para o
surgimento de submarinos
alemães na praia da Urca.
Bem-humorado, adorava
bater pernas pelo centro de
Petrópolis, aonde ia sempre
apostar no bicho e conversar
com Carlinhos Bicheiro.
Morreu no sábado, em Petrópolis, aos 88, de falência
múltipla dos órgãos. Deixou
três filhos, cinco netos e uma
bisneta. E se alguém porventura dissesse "vai com Deus",
ouviria dele um "vai você!",
como lembrou a neta.
obituario@folhasp.com.br
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