São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2008

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AFFONSO DE AZEVEDO ÉVORA (1919-2008)

Precursor, Fon-Fon trouxe o bronze em 48

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Fon-Fon havia deixado de lado o zunzunzum da cidade grande. Foi na quietude imperial de Petrópolis, no Rio, onde passou os últimos sete anos de sua vida, que Affonso Évora recebeu o convite para carregar a tocha dos Jogos Pan-Americanos, em 2007.
Encheu-se de alegria, mas, vaidoso, agiu como se o convite fosse notícia qualquer. No dia seguinte, o ex-jogador de basquete da seleção brasileira inesperadamente acordou mal: naquela manhã, sofreu seu terceiro AVC (acidente vascular cerebral).
No fundo, sentia-se profundamente triste, lembra a família, pelo não-reconhecimento da contribuição de sua geração ao esporte -daí a emoção em erguer a tocha, o que acabou não realizando.
Em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres, Évora e seus companheiros de time arrebataram o bronze. Foi a primeira medalha olímpica do Brasil em jogos coletivos.
Tricampeão brasileiro de basquete pelo Flamengo, chegou a servir ao Exército durante a Segunda Guerra -estava sempre alerta para o surgimento de submarinos alemães na praia da Urca.
Bem-humorado, adorava bater pernas pelo centro de Petrópolis, aonde ia sempre apostar no bicho e conversar com Carlinhos Bicheiro.
Morreu no sábado, em Petrópolis, aos 88, de falência múltipla dos órgãos. Deixou três filhos, cinco netos e uma bisneta. E se alguém porventura dissesse "vai com Deus", ouviria dele um "vai você!", como lembrou a neta.

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