São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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SP tem desigualdade verde, diz pesquisadora

Para Sandra Gomes, do Centro de Estudos da Metrópole, as taxas de arborização de cada subprefeitura são contrastantes

Áreas mais pobres da cidade sofrem mais com a falta de verde; em Guaianases (zona leste), há quarteirões sem uma única árvore

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o índice médio de áreas verdes por habitante em São Paulo estar muito próximo do parâmetro mínimo estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), as taxas de cada subprefeitura são muito contrastantes.
Segundo Sandra Gomes, pesquisadora da ONG Centro de Estudos da Metrópole, que estuda São Paulo, a cidade sofre com a desigualdade social, econômica e também ambiental.
Para se ter uma ideia, enquanto os moradores da subprefeitura de Parelheiros (extremo sul) contam com 197,17 m2 de área verde por habitante, a taxa em Cidade Ademar (também extremo sul) é de 0,63 m2 por morador.

Distribuição vegetal
De acordo com Sandra, existem, grosso modo, quatro tipos de distribuição vegetal na cidade de São Paulo.
Há locais com uma biodiversidade rica, onde há resquícios de vegetação nativa, caso de Parelheiros e da área da Serra da Cantareira (zona norte).
Há também manchas verdes preservadas em meio a áreas urbanas, como o parque do Carmo ou o parque do Estado (ambos na zona leste). Outro tipo são os bairros jardins, bastante arborizados, como Alto de Pinheiros e Alto da Lapa (ambos na zona oeste).
Por fim, existem os locais com total ausência de cobertura vegetal, onde a ocupação não levou em conta a necessidade de preservação.
Em Guaianases (zona leste), é possível percorrer quarteirões sem que se veja uma única copa de árvore. Calçadas estreitas e casas muito próximas umas às outras, com pouca área externa -fatores resultantes de uma ocupação rápida e sem planejamento-, dificultam ainda mais a existência de espaços arborizados.
E a situação não deve melhorar. Mesmo com previsão de ganhar 29 mil metros quadrados de área verde até 2016, a proporção por habitante vai se manter quase igual.
"O problema é que, em certas áreas, a população cresce em um ritmo muito mais acelerado do que é possível criar áreas verdes", diz Sandra.
Para ela, a política ambiental tem de ocorrer em conjunto com a política habitacional. "Reverter a carência de espaços arborizados depois que uma cidade está consolidada não é uma tarefa simples. Não é fácil para o poder público achar terra que possa ser convertida em cobertura vegetal", afirma.
A pesquisadora ressalta que, mesmo nas ruas, o plantio de árvores nas periferias compete com a passagem de pedestres e com a estrutura de fiação.
Questionada sobre as áreas verdes de Guaianases, a tradutora Graziela Albuquerque, 24, responde: "Não posso comentar sobre algo que não existe aqui". "Da minha casa, só vejo algumas árvores em uma pedreira próxima, onde não posso entrar." Ela, seus pais e seu irmão sofrem de bronquite.
"Tentamos plantar uma árvore em casa, mas era pequena e os moleques quebraram para pegar uma pipa que tinha enganchado. E, na calçada, se plantar, ninguém passa", diz. (MARIANA BARROS)


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