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SP tem desigualdade verde, diz pesquisadora
Para Sandra Gomes, do Centro de Estudos da Metrópole, as taxas de arborização de cada subprefeitura são contrastantes
Áreas mais pobres da cidade sofrem mais com a falta de verde; em Guaianases (zona leste), há quarteirões
sem uma única árvore
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o índice médio de
áreas verdes por habitante em
São Paulo estar muito próximo
do parâmetro mínimo estabelecido pela OMS (Organização
Mundial da Saúde), as taxas de
cada subprefeitura são muito
contrastantes.
Segundo Sandra Gomes, pesquisadora da ONG Centro de
Estudos da Metrópole, que estuda São Paulo, a cidade sofre
com a desigualdade social, econômica e também ambiental.
Para se ter uma ideia, enquanto os moradores da subprefeitura de Parelheiros (extremo sul) contam com 197,17
m2 de área verde por habitante,
a taxa em Cidade Ademar
(também extremo sul) é de
0,63 m2 por morador.
Distribuição vegetal
De acordo com Sandra, existem, grosso modo, quatro tipos
de distribuição vegetal na cidade de São Paulo.
Há locais com uma biodiversidade rica, onde há resquícios
de vegetação nativa, caso de Parelheiros e da área da Serra da
Cantareira (zona norte).
Há também manchas verdes
preservadas em meio a áreas
urbanas, como o parque do
Carmo ou o parque do Estado
(ambos na zona leste). Outro tipo são os bairros jardins, bastante arborizados, como Alto
de Pinheiros e Alto da Lapa
(ambos na zona oeste).
Por fim, existem os locais
com total ausência de cobertura vegetal, onde a ocupação não
levou em conta a necessidade
de preservação.
Em Guaianases (zona leste),
é possível percorrer quarteirões sem que se veja uma única
copa de árvore. Calçadas estreitas e casas muito próximas
umas às outras, com pouca área
externa -fatores resultantes
de uma ocupação rápida e sem
planejamento-, dificultam
ainda mais a existência de espaços arborizados.
E a situação não deve melhorar. Mesmo com previsão de
ganhar 29 mil metros quadrados de área verde até 2016, a
proporção por habitante vai se
manter quase igual.
"O problema é que, em certas
áreas, a população cresce em
um ritmo muito mais acelerado
do que é possível criar áreas
verdes", diz Sandra.
Para ela, a política ambiental
tem de ocorrer em conjunto
com a política habitacional.
"Reverter a carência de espaços
arborizados depois que uma cidade está consolidada não é
uma tarefa simples. Não é fácil
para o poder público achar terra que possa ser convertida em
cobertura vegetal", afirma.
A pesquisadora ressalta que,
mesmo nas ruas, o plantio de
árvores nas periferias compete
com a passagem de pedestres e
com a estrutura de fiação.
Questionada sobre as áreas
verdes de Guaianases, a tradutora Graziela Albuquerque, 24,
responde: "Não posso comentar sobre algo que não existe
aqui". "Da minha casa, só vejo
algumas árvores em uma pedreira próxima, onde não posso
entrar." Ela, seus pais e seu irmão sofrem de bronquite.
"Tentamos plantar uma árvore em casa, mas era pequena
e os moleques quebraram para
pegar uma pipa que tinha enganchado. E, na calçada, se
plantar, ninguém passa", diz.
(MARIANA BARROS)
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