São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Pais estão reavaliando sonhos de maternidade e paternidade


TALVEZ ESTEJAM COMPREENDENDO MELHOR AS VERDADEIRAS MOTIVAÇÕES DA ADOÇÃO E SUPERANDO A IDEIA DE QUE UM FILHO ADOTIVO DEVA SER A CÓPIA DO QUE A BIOLOGIA NEGOU


CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Não é de hoje que o brasileiro dá sinais de que está diminuindo a resistência em adotar crianças que não sejam a sua imagem e semelhança. No Estado de São Paulo, desde 2007 os pretendentes já não fazem mais tanta questão de que o filho adotivo seja uma menina recém-nascida e branca.
Os estudos também mostram que tem aumentado a aceitação para a adoção de irmãos, respeitando-se os vínculos afetivos existentes.
A boa notícia é que, a partir dos dados do Conselho Nacional de Justiça, essa tendência parece ser nacional e com números mais expressivos. Há uma mudança em curso na cultura de se querer adotar a criança idealizada e não a real? É cedo para saber.
É possível que o aumento da preferência por crianças negras esteja relacionado de alguma forma ao comportamento de famosos (Madonna, Angelina Jolie, Sandra Bullock), mas não é só isso.

OLHOS AZUIS
Na avaliação de profissionais que atuam no campo da adoção, as pessoas começaram a reavaliar seus sonhos de maternidade e paternidade ao perceber que aquele bebê loiro e de olhos azuis não existe nos abrigos.
Talvez estejam compreendendo melhor as verdadeiras motivações da adoção e superando a ideia de que um filho adotivo deva ser a cópia do que a biologia negou.

DESEJOS
Não existem pessoas sem desejos ou preferências, mas iniciativas de grupos de adoção e dos juizados da infância, no sentido de desmistificar certas ideias equivocadas sobre a adoção, podem estar surtindo efeito.
Ainda há outros mitos a serem derrubados, como a indiscutível preferência dos pretendentes por meninas. O curioso é que, no caso dos filhos biológicos, a literatura mostra que há uma grande preferência pelos meninos sobre as meninas.
A adoção tardia também é um outro desafio. Em geral, apenas crianças com até três anos conseguem colocação fácil em famílias brasileiras.
Às mais velhas, resta uma eventual adoção por casais estrangeiros ou a permanência nos abrigos até se tornarem adultos, sem laços familiares, abandonados à sua própria sorte.


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